PSTU na campanha contra os leilões de petróleo

Além do entreguismo, governo Dilma quer iniciar exploração de gás não-convencional que tem enorme impacto socioambiental

Foi realizado nesta quinta-feira,28, a 12ª Rodada de Licitações de petróleo e gás realizada pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). O leilão ocorre pouco tempo depois da privatização do petróleo do Pré-sal, com a venda do campo de Libra. Dessa vez, foram arrematados 72 dos 240 blocos exploratórios terrestres nas bacias do Paraná, Parnaíba, Acre-Madre de Dios, Sergipe-Alagoas, Parecis, São Francisco e Recôncavo. A privatização dos blocos rendeu aproximadamente R$ 165,2 milhões.  
 
No total, 12 empresas arremataram os blocos, sendo 8 brasileiras e 4 estrangeiras. Entre elas estão a Petrobras, Alvopetro, Bayar, Companhia Paranaense de Energia, Cowan, GDF Suez, Geopark, Nova Petróleo, Ouro Preto, Petra Energia, Trayectoria e Tucumann.
 
Desta vez, o objetivo da ANP foi leiloar blocos com potencial para gás natural não convencional ou gás extraído de um tipo de rocha sedimentar chamada folhelho. A extração deste tipo de gás requer o uso de técnicas pra lá de questionáveis no que se refere à questão socioambiental. Foi por isso que várias entidades sindicais de petroleiros e organizações ambientais denunciaram o leilão.
 
A extração do gás não convencional é questionada por conta dos riscos e danos que pode gerar ao meio ambiente e as comunidades contíguas aos campos de exploração. Um dos problemas mais graves é, principalmente, a poluição da água, usada em quantidades colossais na técnica de exploração chamada de “fraturamento hidráulico” ou simplesmente “fracking”. Este tipo de técnica requer a explosão das rochas injetando no subsolo grande quantidade de água, areia e produtos químicos altamente tóxicos que vão contaminar lençóis freáticos e, principalmente, os aquíferos que ficam sobre o folhelho que contém o gás.
Boa parte dos poços de gás não-convencional está logo abaixo do aquífero Guarani, uma das maiores reservas subterrâneas de água doce do mundo, e de um sistema de aquíferos pouco pesquisados na região amazônica (aquíferos Solimões e Alter do Chão).
 
Hoje, nos EUA, o uso deste tipo de técnica é bastante questionado, pois resulta na contaminação do solo e da água afetando milhões de pessoas. Segundo o geólogo da Petrobras, Dalton dos Santos, o Brasil não precisa extrair gás não – convencional. “Estamos num momento de descoberta de mega-campos de petróleo e gás convencional. Diferente dos EUA que tem quase 90% de suas reservas esgotadas”, diz. O geólogo, que também é diretor do sindicato dos Petroleiros de Sergipe e Alagoas, explica que a opção por explorar gás não-convencional obedece a uma pressão dos EUA. “Não temos dúvida. Querem explorar aqui para justificar a extração feita por eles lá”, explica.
 
A exploração deste tipo de gás ainda vai afetar populações indígenas isoladas na Amazônia. O bloco AC-T-8, arrematado pela Petrobras, localiza-se no município de Mâncio Lima (AC), na fronteira com o Peru, nos limites diretos de duas terras indígenas e do Parque Nacional da Serra do Divisor. O bloco está a 10 metros da Terra Indígena da etnia Poyanawa e a 39 metros da terra da etnia Nukini.