Cartaz do filme

Todos aqueles interessados nas lutas dos povos latino-americanos deveriam checar o filme “No” (2011), dirigido pelo chileno Pablo Larraín e focado no plebiscito que, em 1988, marcou o fim do regime ditatorial do famigerado Augusto Pinochet.

Convocada pelo regime, a consulta foi antecedida por 27 dias de campanha nas emissoras de rádio e televisão, com 15 minutos diários para os defensores de cada uma das posições: o “Si”, que daria mais oito anos de governo a Pinochet (ou seja, legitimaria a ditadura); o “No” significaria que o ditador deveria deixar o poder no prazo de um ano.

Realizado no dia 5 de outubro de 1988, o plebiscito que contou com a participação de 7,2 milhões de eleitores (quando o Chile tinha pouco mais de 12 milhões de habitantes), resultou na derrota do regime, com 56% dos votos para o “No” e 44% para o “Si”.

O roteiro do filme é baseado na peça “O plebiscito”, do escritor chileno Antonio Skármeta (autor do texto que deu origem ao filme “O poeta e o carteiro”, sobre um episódio vivido por Pablo Neruda, durante o exílio na Itália). Além de ótimo cinema, “No” também é excelente não só para conhecer algo desta história, mas também para refletir sobre um tema cada vez mais importante: a relação entre o uso dos meios de comunicação e a ação direta nos processos de mobilização.

Um “no” das massas ou dos meios de comunicação?
Esta possibilidade é oferecida até mesmo por aquilo que o filme, em termos de reconstituição histórica, tem de mais “problemático”. Não que devamos cobrar fidelidade histórica dos filmes, mesmo aqueles “baseados em fatos reais”. Não é este o papel do cinema. Filmes devem, sim, permitir reflexões sobre o mundo, a própria História, a vida etc.

No caso de “No”, essa reflexão é possibilitada pela forma como Larraín construiu seu filme. O diretor optou por centrar sua narrativa nos bastidores da campanha publicitária em defesa do “No”, voltando suas câmeras para o personagem René Saavedra (interpretado pelo sempre excelente ator mexicano Gael Garcia Bernal) e, consequentemente, para dentro das salas de reuniões e estúdios que desenvolveram a campanha.

A campanha publicitária, inegavelmente, foi parte importante deste processo e sua fantástica história realmente merecia ser contada. Contudo, nem de longe foi o que levou à derrota da ditadura. A começar pelo simples fato de que a própria existência da campanha e cada um dos segundos que ela tinha nas emissoras de TV e rádio só foram possíveis devido à forte pressão que vinha das ruas, fábricas, escolas e, principalmente, de uma onda de mobilizações e greves localizadas que ficou conhecida como “paros cívicos” ou “protestas” que sacudiram o Chile, principalmente entre 1983 e 1986. (leia artigo “Os tortuosos caminhos da transição”)

Não é o caso de se afirmar que Larraín tente “ocultar” este fato. Muito pelo contrário. “No” é bastante coerente com a trajetória e estética do diretor (ou seja, a forma como ele faz seu cinema), marcadas por excelentes filmes que retomam os tempos da ditadura chilena a partir de pontos de vistas inusitados ou que, no mínimo, escapam do óbvio.

Em “Tony Manero” (2008), por exemplo, os terrores físicos psicológicos praticados pelos agentes da ditadura são metamorfoseados em um serial killer obcecado pela figura de John Travolta (do filme “Os embalos de sábado à noite”).“Post mortem” (2010) se passa nos bastidores da autópsia do corpo de Salvador Allende.(leia mais no artigo “Filmografia básica: O cinema e o ‘11 de setembro” chileno’).

Contudo, como toda opção em relação à “forma” se reflete no conteúdo, ao mirar suas lentes nos bastidores da campanha, Larraín deixou pouco espaço na tela para aqueles e aquilo que realmente levaram à vitória da campanha: o povo chileno e o vigoroso processo de lutas que fizeram com que o plebiscito, uma descarada tentativa de manobra arquiteta por Pinochet, se transformasse num poderosíssimo tiro que saiu pela culatra.

Consequentemente, naquilo que pode possibilitar de reflexão sobre o mundo em que vivemos, esta opção do diretor pode levar (principalmente os espectadores mais jovens) à equivocada conclusão de que a campanha publicitária foi o principal motor do processo que levou à vitória do “No” e à decorrente queda do regime.

Apesar de estar distante das intenções do diretor, como ele próprio declarou, esta possibilidade é ainda maior num mundo conectado pela internet, emaranhado nas redes sociais, mergulhado num alto grau de ceticismo em relação às ações diretas do movimento ou fortemente influenciada, como no caso do Brasil, por partidos de esquerda que passaram a investir mais nas vias do “marketing” e da institucionalidade do que nas mobilizações. Uma postura política que ao contrário de ser saudada pelo filme, como pode parecer a princípio, também é problematizada pelo diretor.

Um cenário duvidoso
O personagem de Gael, um ex-exilado político, bastante cético em relação à política, foi criado como uma síntese dos publicitários que fizeram a campanha de 1988, muitos dos quais assessoram e participaram do filme (como uma forma de ironia, inclusive, dois dos principais deles, Jose Manuel Salcedo e Enrique Garcia, aparecem integrando a campanha do “No”).

Em um primeiro momento, assim como a maioria do povo chileno e da esquerda internacional, René é totalmente cético em relação ao plebiscito, já que parecia evidente que a consulta poderia ser fraudada e utilizada como uma manobra para perpetuar o ditador no poder. E não faltavam razões para o ceticismo, já que a própria convocação do plebiscito era decorrência de uma manobra anterior: um plebiscito fraudulento que aprovou a constituição de 1980 e previa a consulta em 1988.

Construído como um sujeito que, metaforicamente, é síntese do povo chileno (particularmente de sua classe média), René concentra todas as contradições daquele momento e também é em torno dele que circulam os principais representantes das demais posições diante do plebiscito.

À esquerda, a figura estranhíssima de sua mulher Verônica, uma militante que vive numa tal marginalidade social que mal conseguimos saber exatamente quem ela é, além de uma “mãe ausente” e de uma vítima constante da repressão militar que, como um amplo setor da esquerda, rejeita a própria ideia do plebiscito, convicta de que ele irá fortalecer ainda mais a ditadura.

Apesar de um tanto estereotipada, Verônica sintetiza as dificuldades da esquerda, particularmente a revolucionária, diante do plebiscito. Uma dificuldade cujas bases se encontravam na conturbada história de lutas nos anos anteriores a 1988.

Em síntese (leia mais na matéria abaixo), os setores mais “radicais” do movimento apostavam na retomada do ascenso que havia sacudido o Chile, particularmente entre 1983 e 1986, quando os trabalhadores (com destaques para os mineiros), a juventude e o movimento popular (das “poblacíones”, ou periferia) se levantaram contra a crise econômica em um país que foi “vanguarda” na aplicação dos planos neoliberais na América Latina.

Contudo, em 1988, o movimento havia retrocedido e, de forma equivocada, esse setor da esquerda não levou em consideração algo que o diretor do filme apontou com bastante precisão em uma entrevista dada quando “No” foi premiado no prestigiado Festival de Cannes (França): o plebiscito foi um “catalisador que permitiu derrotar a Pinochet e voltar à democracia”.

Ainda no filme, à direita, está o principal parceiro de René na agência, um colaborador da ditadura e participante da campanha do “Si”, o que possibilita que mergulhemos nos gabinetes do governo onde uma equipe de marqueteiros, monitorados por generais e ministros, arquiteta a defesa do regime com técnicas publicitárias que investem na tentativa de “humanizar” o ditador (exibindo um sorridente sujeito, sem uniforme e cercado de crianças e populares).

Contudo, o forte da campanha do “Si” reproduziu o mesmo terror da ditadura que defendia e baseava-se na tentativa de incutir o medo na população, vinculando o “Si” à garantia de que não haveria o retorno da instabilidade econômica, das “filas” e dos tumultos do período “pré-Pinochet” e, principalmente, do “perigo marxista”.

A partir do momento em que se integra à campanha, o personagem de Gael se vê cercado pelos representantes dos 17 partidos que formaram a complexa aliança que ficou conhecida como “Concertación de Partidos por el NO” (Coalizão de Partidos pelo Não), reunindo os principais partidos burgueses, que haviam formado a Aliança Democrática (Democracia Cristã e os partidos Socialista e Radical), pequenas agremiações como os partidos Humanista e Ecológico e uma série de ramificações dos partidos que compuseram o governo Allende e outras organizações de esquerda. Depois do plebiscito, a maioria dos partidos continuam unidos, sob o nome “Concertación de Partidos por la Democracia”, que levou Patrício Aylwin à presidência (o mesmo dirigente da Democracia Cristã que havia feito ferrenha oposição ao governo de Allende).

As muitas formas de dizer “No”
Foi neste cenário contraditório que a campanha do plebiscito teve início, em setembro de 1988. E, no filme, a primeira cena é literalmente genial ao colocar o tema central proposto por Larraín. Depois de situar rapidamente o espectador em relação ao plebiscito, vemos René apresentando ideias para uma campanha a um grupo de pessoas.

O publicitário defende a necessidade de se sintonizar com um “novo contexto social” no qual o país está preparado para a “ousadia” e sedento pela “liberdade”. Evidentemente, somos levados a acreditar que René está falando da campanha política, contudo, rapidamente descobrimos que ele se refere ao lançamento de um refrigerante chamado “Free”, cuja “liberdade” é apresentada em cenas de jovens dançando e em situações das propagandas comerciais norte-americanas.

A cena e a proposta publicitária são repetidas de forma praticamente idêntica num momento chave do filme, quando Saavedra apresenta o piloto da campanha pelo “No” aos partidos da “Concertacíon”.

A proposta tem como principal slogan “La alegría ya viene”(“A alegria já vem”) e é uma sequência de clichês publicitários bem ao gosto norte-americano, pontuados por esquetes “bem-humoradas” e repletas de uma alegria adocicada que beira o enjoo, felicidade artificial (e bem ao gosto das ilusões de felicidade e prosperidade da classe média). Tudo isto embalado na estética dos clipes da MTV e nos exagerados e duvidosos padrões estéticos dos anos 1980.

O projeto provoca “horror” no setor mais à esquerda do tumultuado espectro político e, no mínimo, dúvidas no outro extremo.

Uma reação pra lá de justificada, já que o objetivo da campanha deveria dizer um estrondoso “não” a uma das ditaduras mais sanguinolentas do continente que deixou no seu rastro mais de 35 mil pessoas brutalmente torturadas, quase quatro mil assassinadas, além de cerca de 200 mil que seguiram para o exílio.

No entanto, a ideia de René acaba sendo aceita e as cenas “publicitárias” são intercaladas por menções aos desaparecidos e exilados ou aos protestos em defesa do “no” que tomavam as ruas ou comentários políticos, feitos por conta de um âncora de telejornal que também fora perseguido pela ditadura e pelos representantes partidos da coalizão, com a quase onipresença de Patricio Aylwin.

Neoliberalismo e a liberdade como produto
Apesar de focar seu filme na campanha, o diretor se demonstra bastante ciente do contexto que determinou sua forma, como declarou em uma entrevista publicada em “O Globo” no dia 28 de dezembro: “Acho que, de certa forma, René é produto do sistema neoliberalista implantado por Pinochet no país ao longo de seu governo. Ele derrotou o ditador com os mesmos instrumentos ideológicos que ajudaram a difundir a ideologia e as conquistas da ditadura militar, enchendo a campanha do “Não” de símbolos políticos e visões sobre o promissor futuro do país, sem Pinochet”.

Como a História não é feita de “ses”, não nos cabe perguntar o que teria acontecido se a campanha tivesse sido diferente. Contudo, do ponto de vista objetivo é um fato que ela já refletiu (“para o bem e para o mal”) o fato de que o Chile foi o primeiro país do continente a mergulhar no pesadelo neoliberal e sua privatização, transformando em “produtos” e distorção ideológica tudo e qualquer coisa, inclusive a ideia de liberdade.

Neste sentido, o filme tem muito a dizer sobre o mundo em que vivemos hoje. Progressivo e vitorioso, o plebiscito teve seus limites impostos pelo neoliberalismo que já havia avançado em largos passos no Chile. A campanha, particularmente, foi um reflexo (distorcido) do centro do que chamamos de ideologia neoliberal: a privatização e a mercantilização de todos aspectos da vida.

Na economia, isto tem significado privatizações e a transferência para a patronal de todas responsabilidades do Estado. Na política, a corrupção sem limites envolvendo parlamentares (inclusive de partidos, como o PT, que, no período da democratização, se construíram apoiados nas mobilizações e com o discurso de “ética na política”) é sintoma de um sistema voltada para os interesses “particulares”, não coletivos ou sociais.

Assim, da mesma forma que vende a ilusão de “self-made person” (aqueles que se fazem a partir de esforços pessoais), o neoliberalismo propaga a ideia de que mudanças sociais acontecem a partir de iniciativas privadas individuais. E pior: que direitos e liberdade são sinônimos e consequências do poder aquisitivo e da satisfação de necessidades individuais.

Nos meios de comunicação, a publicidade, até mesmo por ser “a alma dos negócios” capitalistas e influenciar diretamente (através do patrocínio) todo o resto da programação é, inegavelmente, a forma de comunicação mais profundamente contaminada por este discurso, que na mídia incorpora mais um elemento típico do neoliberalismo, conhecido como “estética do espetáculo”.

Segundo estudiosos da área, esta forma de fazer produtos de comunicação (e artísticos, inclusive) é caracterizada pelo privilégio da forma em relacão ao conteúdo. Ou seja, muitas imagens, luzes, movimento e coisas do gênero, que geralmente dizem muito pouco ou quase nada.

No caso do Chile, essas características, em 1988, eram mais contraditórias, primeiro porque haviam se desenvolvido sob uma ditadura odiada pelo povo (o que implicava numa forte resistência ao neoliberalismo); segundo e tão importante, porque se deu na esteira de um forte movimento de massas e dentro de uma perspectiva que tinha como objetivo uma mudança coletiva, não individual.

Na campanha, estas contradições pipocam nas cenas de mobilizações (jogadas para o final da peça publicitária) ou nas quase subliminares referências aos crimes da ditadura. E, por mais que discordemos da forma que a campanha tomou, seria ingenuidade que, controlada pelos partidos que se colocaram à frente do processo, a história fosse diferente.

Um belo filme sobre uma História que merece ser revista
No filme, pode-se dizer que Larraín captou esta situação de forma brilhante, mesmo que de difícil apreensão pelos espectadores, o que pode resultar numa interpretação equivocada, como já afirmamos, até mesmo porque o diretor, fiel ao seu estilo a abordou de forma bastante sutil e bastante metafórica.

Um detalhe que é exemplo disto são as cenas que mostram René, solitário em seu skate, circulando pelas ruas de Santiago tendo como principais obstáculos as barreiras e os pelotões do Exército, numa referência a como a suposta “liberdade” do publicitário se choca com a realidade coletiva.

Além da sutiliza da abordagem, outro elemento que pode levar a interpretações errôneas tem a ver com um dos melhores aspectos do filme: Larraín produziu um filme quase “documental”. Para tal, uma escolha fundamental foi filmar com câmeras de vídeo iguais às utilizadas pela maioria das emissoras de TV em 1988 (contrariando a atual obsessão por tudo que é “hightech”) com o objetivo confesso de fazer com que o espectador seja induzido a romper as fronteiras entre a história ficcional de René e a realidade vivida naquele momento.

Uma sensação radicalizada pelo uso constante da câmera na mão que registra os acontecimentos em ângulos inusitados, fora de foco e de forma quase “jornalística”. Além disso, 25% das cenas são compostas por imagens de arquivo.

Contradições à parte, o “No” é inegavelmente um filme a ser visto por qualquer interessado na História da América Latina. Primeiro, como um resgate de um momento histórico realmente importante. Segundo, e ainda mais importante, pelo significado político de uma vitória, que a exemplo da Campanha das Diretas, no Brasil, foi distorcida pela realidade, tanto por se dar no terreno dos inimigos (a democracia eleitoral e burguesa), quanto por ter à frente setores já totalmente alinhados com o neoliberalismo.

Esta é, em grande medida, a lógica que contaminou a Campanha do “No”. Já mergulhados em cerca de uma década de neoliberalismo, os chilenos, particularmente sua classe média (encarnada nos publicitários) e a maioria dos partidos da “Concertacíon” produziram uma campanha que, com honrosas mais pouquíssimas exceções, valoriza este tipo de mundo.

Limites sobre os quais até mesmo os atores estavam conscientes, como fica claro numa declaração dada por Gael Garcia Bernal à imprensa: “O filme é um insight (“um ponto de vista”) sobre a construção da democracia, de como lidamos com as nuances, as ambiguidades e as decepções que lhe são características (…) A democracia real existe no dia-a-dia, na construção da sociedade, e não nas eleições.Um jovem que está votando pela primeira vez agora, em qualquer lugar do mundo, vai sair muito desapontado”.

Contudo, nada disso pode minimizar o significado da vitória obtida na luta contra uma ditadura sanguinária. Uma vitória cujo significado foi vivido pelo próprio Larraín e bastante bem representada no filme. Na entrevista já mencionada, o diretor relembra o clima no Chile, durante a apuração da votação, quando ele tinha 12 anos: “As ruas ficaram vazias. Todo mundo ficou em casa, com o rosto grudado na televisão. O plebiscito ainda é um grande tema para nós. É a data mais lembrada pelos chilenos, depois do Dia da Independência”.

Uma expectativa cujo ansioso silêncio – provocado pela incerteza do resultado, que foi manipulado, a favor de Pinochet, até o último boletim, já na madrugada do dia 6 de outubro, e a possibilidade de que Pinochet saísse ainda mais fortalecido – irrompeu em gritos, dança e festas nas ruas, quando o regime foi obrigado admitir o resultado de 56% dos votos para o “No”, contra 44% para o “Si”.

Uma explosão de verdadeira alegria (bem diferente e muito superior à versão artificial e supérflua que aparecia nos anúncios publicitários) em sua mais repetida palavra de ordem: “Ole, ole, ole, que se vaya Pinochet!!!”. Um grito que também ecoou pela América Latina, inclusive no Brasil, onde não foram poucos os lugares, como por exemplo, nos arredores do DCE da USP, onde centenas de pessoas se reuniram para acompanhar os resultados e vibrar, ao lado de exilados e seus descendentes.

Por isso, apesar de não colocar na tela toda a dimensão do contexto que antecedeu e cercou o plebiscito, esta é uma história que merecia ser contada e o filme de Larraín o faz da forma que o “bom cinema” deve ser: abrindo possibilidade de debate e reflexão.

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