A marcha do dia 24 de outubro contra a reforma da Previdência deslanchou uma mobilização nacional contra este ataque do governo. Agora, a luta deve tomar um novo patamar porque o governo se prepara para apresentar seu projeto de reforma.

O “Fórum da Previdência” – que reúne representantes do governo, dos banqueiros e das multinacionais, e também os pelegos da CUT e da Força Sindical para discutir o projeto da reforma – terminou seus trabalhos. Em seguida, o ministro Luiz Marinho afirmou que o governo deve enviar o projeto o mais rápido possível para o Congresso Nacional.

Para se preparar para essa luta, os trabalhadores devem observar o que está se passando na juventude. Já são 12 universidades federais com suas reitorias ocupadas na luta contra o Reuni. Existem grandes diferenças entre o movimento estudantil e o movimento sindical e popular. Mas, muitas vezes, as lutas estudantis antecedem mobilizações do conjunto dos trabalhadores e do povo. Foi assim nas lutas contra a ditadura militar, foi assim também na mobilização contra o governo Collor. Pode ser que agora, na luta contra as reformas neoliberais do governo Lula esteja começando a se dar o mesmo processo.

Três questões merecem ser notadas. A primeira é que o governo está impondo uma reforma que aprofunda a privatização das universidades públicas, com o Reuni. Mas está buscando ganhar a opinião pública como se este projeto tivesse o objetivo de fazer com que os trabalhadores pudessem ter o acesso às universidades facilitado. Com isso, o governo quer isolar os estudantes que lutam contra o Reuni do restante do povo brasileiro.

Na primeira reforma da Previdência, em 2003, Lula utilizou a mesma tática, jogando os trabalhadores do setor privado contra o funcionalismo público federal, que foram tachados de “privilegiados”. Esta será a mesma postura que o governo vai adotar para tentar impor uma nova reforma da Previdência. Vai querer jogar os trabalhadores desempregados contra os empregados, “privilegiados” por terem aposentadoria.

A segunda questão é o exemplo que estão dando os estudantes com as ocupações das reitorias em todo o país. É necessário que os trabalhadores tomem esse exemplo dos estudantes quando o projeto de reforma do governo for apresentado. E é preciso também que a mobilização contra a reforma da Previdência se unifique com a luta contra o Reuni, como parte do plano unificado de lutas da Conlutas para o ano que vem.

A última questão é o papel das direções governistas. A UNE não é mais uma entidade de luta dos estudantes, mas uma organização a serviço do governo Lula e dos reitores para impor o Reuni. É a Conlute que está buscando unificar as ocupações das reitorias em todo o país.

A CUT governista, por mais que possa dizer que está contra pontos da reforma da Previdência, será um braço do governo para tentar travar a luta dos trabalhadores contra essa reforma. É preciso fazer avançar a construção da Conlutas para garantir uma luta unificada contras as reformas.

Post author Editorial do Opinião Socialista nº 321
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