Ao chegar ao Congresso da Conlutas, um ativista pode sentir um grande orgulho. Estará participando de um evento que pode entrar para a história do movimento de massas no Brasil. Se isso ocorrerá ou não, veremos com o passar dos anos. Mas a possibilidade existe.

É possível que estejam reunidos, em Betim (MG), cerca de 4 mil ativistas, entre delegados e observadores de todo o Brasil. É parte do melhor dos ativistas de todo o país, que estiveram à frente das lutas concretas de metalúrgicos, construção civil, petroleiros, professores, bancários, funcionalismo público e outras categorias.

O movimento popular estará no congresso, com representantes de ocupações de terras do campo e das cidades. Os movimentos de mulheres, negros e homossexuais são parte da construção do congresso. O movimento estudantil virá com representantes das ocupações de reitorias de todo o país.

O tamanho do congresso legitima a Conlutas como principal expressão da reorganização do movimento sindical, popular e estudantil do país. Nenhuma outra força do movimento à esquerda da CUT e do governo conseguiria realizar um congresso dessa dimensão.

Mas a Conlutas se vê como apenas uma parte do processo de reorganização e não como algo fechado e acabado. Segue presente a necessidade da unificação com a Intersindical, segue sendo fundamental garantir fóruns mais amplos do movimento de massas, que possam discutir planos de lutas unificados para o próximo período.

O fortalecimento da Conlutas é a principal garantia de que as propostas unitárias de luta possam virar realidade. Foi assim com a mobilização unificada de 23 de maio do ano passado. Deve ser assim, mais do que nunca, no próximo período.

A importância do congresso da Conlutas não pode ser medida só pelo seu tamanho hoje. Existem claros sinais de uma crise econômica internacional se aproximando. As primeiras conseqüências já se fazem sentir no país com a disparada da inflação. A lua-de-mel do governo Lula com a economia já se aproxima do fim.

Existem sinais de ascenso nas lutas operárias. Houve mais greves operárias neste ano que no ano passado. Ainda parciais, localizadas, mas muito importantes. A inflação é um empurrão para as campanhas salariais do segundo semestre.

A nova crise econômica internacional pode levar a novas explosões sociais na América Latina, como vimos na crise passada na Argentina, no Equador e na Bolívia. A polarização cada vez maior da luta de classes no continente deve ter também reflexos no Brasil.

Este é o principal motivo de orgulho no congresso: cada um de seus delegados está ajudando a construir uma alternativa real de direção para as lutas e as crises que se avizinham. Na verdade, podemos dizer que até o momento todos os que se dedicaram à construção da Conlutas estiveram treinando. Agora vão começar os jogos mais importantes.

Post author Editorial do Opinião Socialista nº 344
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