Foi realizado durante o feriado da Páscoa o VI Congresso Nacional do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado, o PSTU, fundado em 1994, e que este ano completa 14 anos de uma existência de lutas e de defesa do socialismo em todo o mundo.

Foi um grande congresso, com muitos debates e discussões, refletindo a intervenção e a experiência acumulada pela militância nas lutas, nas greves, nas campanhas salariais, nos locais de trabalho e de estudo e na organização da nossa classe, em especial na rica experiência de construção da Conlutas junto com vários setores.

Não foram poucos os momentos de emoção do Congresso, quando, por exemplo, lembramos nossos camaradas que tombaram em nome da construção do partido revolucionário e das lutas dos trabalhadores, como Zé Luis e Rosa Sundermann, o companheiro Gildo de Brasília e o companheiro Nelsinho, bancário do Rio de Janeiro. Ou ainda quando foram lidas as saudações de várias organizações irmãs a nível internacional que saudavam nosso congresso e falavam da importância da construção do PSTU para suas lutas e para sua militância e como cada uma de nossas vitórias e derrotas eram suas também.

Estiveram presentes delegados de norte a sul do país, além de militantes de organizações irmãs na Venezuela, Argentina e Bolívia além de uma delegação da Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional. Os delegados (as) do Congresso eram operários metalúrgicos, petroleiros e da construção civil, funcionários públicos, professores, bancários, condutores, metroviários, estudantes de universidades e de escolas secundaristas, eleitos democraticamente em organismos pelos militantes do partido.

A democracia partidária
O PSTU realiza congressos a cada dois anos, onde se discute e se vota a política a ser aplicada, suas tarefas para o período e elege sua direção.
Antes do congresso vivemos um amplo e rico momento de elaboração coletiva e debates em todos os organismos partidários que durou oito meses. Além dos documentos da Direção Nacional, foram publicados 15 boletins internos de discussões com mais de 40 textos escritos pela militância e distribuídos para discussão com toda a militância. Houve um debate importante, com polêmicas interessantes. As posições diferentes da direção tiveram todas as possibilidades de serem conhecidas e debatidas livremente por todos os militantes. Depois das discussões, os delegados eleitos pela base votam e determinaram os rumos do partido para os próximos dois anos. Ao se votar as posições, todos aplicam a mesma política e o partido sai unificado para luta contra a patronal e o governo com uma só política e não dividido em várias posições.

Esse funcionamento é completamente diferente dos partidos stalinistas, como o PCdoB, onde aqueles que defendem posições contrárias as da direção são expulsos sem que possam debater suas opiniões. Também é muito diferente das organizações de funcionamento social democrata, como é o caso do PT e do PSOL. Nesses partidos cada um faz o quer, e existe uma falsa “liberdade”. Falsa porque, na verdade, quem determina a política do partido não é a base nos congressos, mas suas figuras públicas que tem acesso à imprensa (em geral os parlamentares). Por exemplo, o último congresso do PSOL votou uma posição a favor do direito ao aborto, mas a maior figura pública deste partido, Heloísa Helena, faz campanha contra o aborto, diferente do que a base votou. Ou seja, não existe democracia porque não é a base que determina a política do partido.

O debate no congresso
Os temas em debate foram muitos. No ponto internacional, conclusões sobre o Leste Europeu, a evolução da crise econômica, a luta contra o imperialismo. Reafirmamos também nossa política de oposição ao governo venezuelano de Hugo Chávez que, mais do que nunca, mostra sua verdadeira face autoritária reprimindo os operários da Sidor.

O congresso reafirmou nossa política de combate ao governo de frente popular de Lula, que segue causando uma enorme confusão na cabeça dos trabalhadores na medida em que é um ex-operário que está à frente do governo. Essa situação exige de nós uma política de combate o governo e ao mesmo tempo que expliquemos pacientemente aos trabalhadores que este não é o seu governo e sim dos patrões.

Reafirmou a necessidade do partido apoiar com tudo a construção e massificação da Conlutas como uma alternativa de organização para o movimento de massas e a importância do seu primeiro congresso para a classe trabalhadora brasileira.
Os militantes discutiram também a atuação dos revolucionários nos sindicatos e o combate à burocratização que existe hoje no interior destes organismos, e que impede a organização de base e corrompe muitos dirigentes.

Sobre a construção do partido, votamos resoluções buscando nos aproximar cada vez mais de um partido do tipo bolchevique, com fronteiras claras, de militantes conscientes, e buscando avançar em três outros aspectos: sermos um partido cada vez mais ligado a classe operária, mais internacionalista e mais apoiado na teoria marxista que condensa as lições e conclusões de mais de um século de lutas da classe operária.

Outro ponto alto do congresso foi a discussão sobre o combate à opressão da mulher. Discutimos a necessidade do combate ao machismo e do apoio a um novo movimento classista e socialista das mulheres. A luta contra todas as formas de opressão foi reafirmada, com o envolvimento do partido no apoio à criação de um novo movimento negro, que leve adiante o debate sobre raça e classe, e no fortalecimento da Secretaria GLBT do PSTU, para combater a homofobia e o preconceito.

Houve também um debate importante sobre a moral revolucionária. Num momento em que o neoliberalismo estimula a moral ultra-individualista do vale tudo, o PSTU reafirma a moral revolucionária, que nada mais é do que a moral da classe trabalhadora em luta, onde predomina a solidariedade e não a competição, o coletivo e não o individuo, onde não vale tudo e sim o que serve para destruir a sociedade de classes e sua exploração e opressão.

Parabéns a toda a militância pelo congresso vitorioso, saímos alegres, orgulhosos e conscientes dos enormes desafios que temos, e mais do que nunca com determinação e moral para as batalhas que virão.

  • Leia as saudações internacionais

    Post author Cilene Gadelha, da Direção Nacional do PSTU
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