Muita gente pode ficar confusa ou ter dúvidas sobre o que significa exatamente
construir uma sociedade socialista. Uma das perguntas que mais ouvimos é se o PSTU
quer fazer no Brasil o que foi feito na Venezuela, em Cuba e na Coreia do Norte. Por
isso, dedicaremos algumas linhas para explicar o que é o socialismo e por que os
governos desses países não são socialistas.

CAPITALISMO: A riqueza nas mãos de poucos
Antes de tudo, é preciso entender o capitalismo. Esse sistema surgiu na Europa e tem
aproximadamente 500 anos. Ao longo de sua história, expandiu-se mundo afora e
integrou todos os países numa só economia.

No capitalismo, existem duas classes fundamentais que fazem o sistema funcionar. A
primeira é a classe trabalhadora, que produz, com seu trabalho, tudo que existe, de
edifícios e automóveis até o papel deste jornal. Os trabalhadores são a maioria da
sociedade. Os trabalhadores têm de trabalhar todos os dias por um salário, que é o valor
mínimo que garante sua reprodução. Por isso, falamos que a riqueza é produzida de
forma coletiva ou social.

O salário é uma pequena parte da riqueza produzida pelo trabalhador. O restante é
apropriado pelo capitalista, que é a outra classe social, a burguesia, dona dos grandes
meios de produção, ou seja, empresas, fábricas e bancos. Essa classe enriquece com o
trabalho dos trabalhadores.

A base fundamental do capitalismo é a grande propriedade privada, como fábricas e
grandes fazendas. Ela está concentrada nas mãos de um punhado de capitalistas. É essa
propriedade privada que permite que uns poucos fiquem absurdamente milionários com
o trabalho da imensa maioria dos trabalhadores.

No capitalismo, há uma total anarquia no processo de produção. Cada capitalista produz
o que quer e quanto quer, sem levar em conta as necessidades da sociedade. O objetivo
do capitalismo é produzir o máximo possível de lucros. Por isso, para competir entre si,
os capitalistas precisam baixar os custos de produção rebaixando salários, aumentando a
jornada de trabalho e destruindo direitos. Essa é a realidade injusta, responsável pela
miséria, pelo desemprego e pela opressão existentes.

SOCIALISMO: a riqueza para o bem-estar do povo trabalhador

O socialismo inverte a lógica do capitalismo. Se toda riqueza é produzida coletivamente
pela classe trabalhadora, nada mais lógico que ela seja usada para o bem-estar coletivo.
A apropriação privada da riqueza deve acabar. Por isso, os meios de produção seriam
socializados, o que significa expropriar a grande propriedade privada.

“Quer dizer que no socialismo vão tomar o meu celular e o meu carro?”, diria um
defensor do capitalismo. É óbvio que isso é uma mentira, uma caricatura feita para
iludir os trabalhadores e preservar o capitalismo. O socialismo propõe que as fábricas,
as grandes propriedades de terras e os bancos pertençam ao povo trabalhador. Assim, a
riqueza produzida pelos trabalhadores, que hoje termina nas mãos de meia dúzia de
burgueses, será utilizada para satisfazer às necessidades do conjunto do povo, dedicando
esses recursos à educação, à cultura, à saúde e ao bem-estar geral.

No socialismo, não há desemprego. Todo ser humano capaz de trabalhar é incorporado
à produção por meio da redução da jornada de trabalho. O atual nível tecnológico
permite que se trabalhe menos e se produza mais. Porém, no capitalismo, isso tem
significado o contrário. Reduzir a jornada permite que o trabalhador possa dedicar mais
tempo à família, à cultura e à participação política.

ESTADO OPERÁRIO: poder político para o trabalhador
O Estado capitalista é um aparato corrupto que mantém a dominação dos capitalistas
sobre os trabalhadores. Isso acontece sob as leis aprovadas pelo Congresso e,
principalmente, pela violência praticada pelos aparatos de repressão, como a polícia e o
Exército, contra qualquer forma de luta e de rebelião.

É preciso construir um novo tipo de Estado, baseado em Conselhos Populares,
organizados em locais de trabalho, moradia e estudo. Assim, todo trabalhador poderá
participar da vida política do país, definir as prioridades de uma planificação
econômica, controlar e gerir fábricas e escolas. Tudo isso é bem diferente da atual
democracia burguesa que, na verdade, é uma ditadura de um punhado de ricos contra os
pobres.

Em resumo, socialismo é o controle do poder político, da produção e da riqueza pela
classe trabalhadora. Isso não existe nem na Venezuela, nem em Cuba, nem na Coreia do
Norte. Todos são países capitalistas, e seus governantes são burgueses privilegiados que
vivem no luxo enquanto impõem uma ditadura sobre o povo.

Essa nova sociedade socialista não virá das eleições, controladas pelos grandes
capitalistas. Só uma rebelião dos de baixo (da classe trabalhadora) para derrubar os de
cima (a burguesia) pode iniciar a construção de uma sociedade socialista. O caminho
para o socialismo é a rebelião.