Apoio e solidariedade à luta do povo palestinoNos últimos dias, centenas de milhares de palestinos da Faixa de Gaza derrubaram os muros e postos das fronteiras com o Egito e entraram em massa neste país para comprar alimentos, medicamentos e outros elementos imprescindíveis de que necessitavam como resultado do bloqueio israelense. Estima-se que, de um milhão e meio de habitantes de Gaza, participaram cerca de 700 mil pessoas.

Esta ação, nascida da urgente necessidade de sobrevivência, tem, ao mesmo tempo, um claro significado de luta e, nos fatos, significou uma importante vitória, embora parcial, para quebrar o bloqueio israelense e seus objetivos. Tal como assinala o artigo de Steven Erlanger no New York Times: “Também abriu um grande buraco na política israelense, apoiada por Washington, de apertar a população de Gaza com a esperança de que se volte contra o Hamas”.

A LIT-QI saúda esta vitória do povo palestino que, mais uma vez, mostrou seu heroísmo e sua capacidade de mobilização para, inclusive nas piores condições, colocar em xeque os diferentes planos que o imperialismo e Israel, em cumplicidade com uma parte importante das organizações palestinas e governos árabes, vêm elaborando para liquidar sua luta pela recuperação de seu território histórico, usurpado por Israel.

A Crise dos acordos de Oslo
A situação atual se inicia com o triunfo do movimento islâmico Hamas nas eleições legislativas da ANP (Autoridade Nacional Palestina), no início de 2006, quando derrotou amplamente os candidatos da organização Al Fatah, do presidente da ANP, Mahmud Abbas.

Este resultado eleitoral causou uma crise na política dos Acordos de Oslo, nos quais o Al Fatah e a OLP (Organização para a Libertação da Palestina) reconheceram a existência do Estado de Israel e legalizaram a usurpação da Palestina. Em troca, recebiam a promessa da criação de um “futuro estado palestino”, em realidade, pequenos territórios isolados e sem possibilidade real de autonomia, ao estilo dos Bantustans sul-africanos da época do Apartheid. O resultado eleitoral mostrou o rechaço maioritário do povo palestino a esta política e o profundo desgaste da direção de Mahmud Abbas e do Al Fatah, transformada agora em agente incondicional de Israel e do imperialismo.

Frente a esta situação, Israel, o imperialismo e Abbas mantiveram retidos os fundos de ajuda internacional e os impostos locais recolhidos por Israel nos territórios palestinos, imprescindíveis para seu funcionamento, buscando estrangular financeiramente o governo do Hamas. Embora a direção dessa organização tenha aceitado uma trégua de fato com Israel, queriam obrigá-la a capitular completamente e a aceitar os acordos de Oslo. Ao mesmo tempo, Abbas e o Al Fatah foram armando uma crescente força militar para reprimir os palestinos e atacar o Hamas, seus dirigentes e deputados.

Gaza: território palestino independente
Apesar das tentativas conciliadoras do Hamas, que chamava a formação de um “governo de unidade nacional” com o Al Fatah, a meados de 2007, a situação acabou dando origem a enfrentamentos abertos entre ambas as forças e a um golpe de Estado organizado por Abbas para destituir o Hamas e tomar o controle total do governo.

Frente a preparação deste golpe bonapartista, apoiado pelo imperialismo e por Israel, se produziu a reação das massas de Gaza que empurraram o Hamas a expulsar desse território o aparato militar de Abbas e a polícia do Al Fatah. Foi um triunfo das massas palestinas, porque libertaram Gaza do controle de Israel e de seus agentes, transformando-a assim em um território palestino independente.

Esta situação era totalmente intolerável para Israel e seu papel de estado militar-gendarme na região. Por isso, primeiro atacou militarmente o território, para destruir sua infraestrutura de geração de eletricidade e fornecimento de água. Depois, estabeleceu um forte bloqueio para impedir a entrada de alimentos, medicamentos e combustíveis. Essa política tinha um objetivo muito claro: derrotar a qualquer custo a resistência do povo de Gaza e obrigá-lo a se render.

Política sionista relembra ação dos nazistas contra judeus

A extrema crueldade dessa política israelense, que pode ser qualificada como genocida, não deve nos surpreender, já que tem origem na própria essência do Estado de Israel. Por um lado, trata-se de um enclave imperialista cuja criação significou a usurpação, com métodos violentíssimos, do histórico território palestino e a expulsão de centenas de milhares de seus habitantes, em 1948. Por outro lado, é um estado policial a serviço do imperialismo, armado até os dentes para atacar os povos árabes, especialmente as massas palestinas. Neste sentido, este bloqueio genocida não é mais do que a continuidade dos numerosos crimes cometidos por Israel em seus 60 anos de existência.

A política israelense lembra, em vários aspectos, a política que os nazistas adotaram para os judeus, durante a Segunda Guerra Mundial, especialmente a criação do Gueto de Varsóvia, que deu origem ao Levante de 1943 contra a ocupação nazista. Por uma cruel ironia da história, o sionismo fez com que os descendentes daqueles heróicos judeus de Varsóvia apliquem hoje essa mesma política nazista contra outro povo oprimido, os palestinos.
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