Contruir uma nova direção para o movimento será o desafio de 2005O ano que se encerra foi marcado por muitas lutas. Além de greves, foram realizadas marchas importantes a Brasília. A primeira, organizada pela Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas), foi a do dia 16 de julho que reuniu 20 mil pessoas para lutar contra as reformas Universitária, Sindical e Trabalhista. A segunda foi realizada recentemente, no dia 25.

O governo atravessará crises como as do primeiro semestre de 2004 e terá de enfrentar a resistência do movimento de massas para continuar aplicando suas reformas neoliberais. Para isso, vai contar com o auxílio das direções governistas da UNE e da CUT.

Se o crescimento da economia se mantiver, a tendência é que importantes setores da classe trabalhadora brasileira entrem em luta para sair do arrocho. Uma das lições deste ano foi a de que só as categorias que foram à luta conseguiram arrancar reajustes acima da inflação. Portanto, os ascensos no movimento sindical tendem a se repetir com mais força e a enfrentar o conjunto das direções sindicais governistas ligadas à CUT. Rebeliões na base dos sindicatos chapas-brancas poderão se repetir, quer dizer, o processo que ocorreu nos bancários poderá se generalizar.
A Conlutas buscará se fortalecer nessas lutas e vai ajudar a construir uma nova direção para o movimento sindical do país.

A tensão social também tende a se ampliar, especialmente no campo. Os índices ridículos da reforma agrária promovida pelo PT fornece o combustível para a luta dos camponeses pobres. Dos 115 mil assentamentos prometidos ao MST, o governo só cumpriu 42 mil. A luta pela moradia também pode se ampliar pelas cidades, com as ocupações dos sem-teto.

O próximo ano também será palco de batalhas contra a recolonização do país através de tratados de livre-comércio. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, já anunciou que pretende concluir as três frentes de negociações comerciais que o Brasil tem pela frente – Alca, Mercosul-UE e OMC – no máximo em 2006.
Ou seja, 2005 vai ser um ano de muitas lutas sociais. Não é à toa que a Abin (Agência Brasileira de Informações) enviou relatórios “alertando” o governo sobre o aumento das tensões sociais no ano que vem por causa da contenção dos gastos sociais para pagar a dívida. É preciso reconhecer que o relatório não está longe da verdade.

Se em 2004 a luta pela construção de uma nova direção de lutas para os movimentos sociais, populares e sindical foi de extrema importância, em 2005 essa luta ganhará dimensões ainda maiores.

Esse será o principal desafio para todos os lutadores em 2005. O primeiro passo se dará já em janeiro, no Fórum Social Mundial, quando a Conlutas estará realizando o seu Encontro Nacional.

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