No dia 12 de janeiro de 2010, um forte terremoto de magnitude 7 devastou o Haiti às 16h53, hora local – 19h53 de Brasília. A maior tragédia da história do país provocou 250 mortes e provocou uma onda de comoção pelo mundo. Mais uma vez, governantes, de Lula a Obama, prometeram “ajudar” o país caribenho. Mais uma vez os governantes estavam mentindo para os haitianos.

A resposta “humanitária” organizada pelos governos foi claramente um fracasso. No final de janeiro pouco mais de 130 pessoas foram resgatadas com vida dos escombros. Isso mostra que não foi somente o terremoto que matou todas essas pessoas. Grande parte dos que sobreviveram foram retiradas dos escombros pelos próprios haitianos com as mãos. Dezenas de milhares poderiam ter sido salvos se houvesse socorro. Como se não bastasse, a falta de recursos e de ajuda, a não remoção dos escombros e dos mortos, que permanecem até hoje em ruínas amontoadas, propagaram as doenças e provocaram mais mortes.

Diferente das palavras de solidariedade dos governantes, após o terremoto de janeiro, o país enfrentou o abandono da chamada comunidade internacional, que apenas enviou mais soldados para ocupar o país, em vez de medicamentos, médicos e enfermeiros. Na verdade, a operação humanitária serviu para encobrir a reocupação do país pelas tropas norte-americanas. Foram enviados 16 mil marines, uma das tropas de combate mais bem treinadas do mundo. Em combate militar, não em salvamento. Além disso, o governo brasileiro, que lidera a ocupação da militar da ONU, também reforçou os efetivos militares ao invés de enviar ajuda médica, alimentos etc.

O PSTU denunciou a hipocrisia da “ajuda internacional”, e mostrou que por trás da ocupação militar do país oculta-se o objetivo de colonizar o país, oferecendo uma das forças de trabalho mais barata do mundo à sanha das multinacionais norte-americanas. Por isso, o partido defendeu uma campanha dos trabalhadores brasileiros em solidariedade ao povo Haiti. Organizada pela Conlutas, a iniciativa obteve donativos de milhares de ativistas e sindicatos, recolhendo contribuições em assembleias, reuniões etc.

Dois meses depois do terremoto, o PSTU enviou Zé Maria, então pré-candidato à Presidência, ao Haiti. Lá ele pôde constatar que toda a chamada ajuda internacional não passou de uma farsa. “Os soldados brasileiros estão lá para reprimir a população e não para ajudar. O Haiti não precisa de soldados, mas sim de médicos e medicamentos”, escreveu na época ao Opinião Socialista.

Hoje, um ano após a tragédia, essa situação não só permanece inalterada, como piorou. O país enfrentou a passagem de um furacão e o alastramento de uma epidemia de cólera que já matou duas mil pessoas. Há evidências de que soldados da Minustah, ocupação da ONU liderada pelo Brasil, contaminaram os rios do norte do país, foco da epidemia. Foi o que bastou para esgotar a paciência da população haitiana.
“Se existe uma prova de fracasso da ajuda internacional, é o Haiti. O país se torna a Meca. O terremoto do dia 12 de janeiro, mais a epidemia de cólera não fazem senão piorar o fenômeno”., disse Ricardo Seitenfus, representante da Organização dos Estados das Américas (OEA) no Haiti desde 2008, que foi destituído pela Organização da missão de paz no Haiti por ter criticado a ação da ONU.

No dia 18 de novembro, uma onda de protestos contra a Minustah sacudiu o país. Sob gritos de “Minustah é cólera! Fora Minustah!”, a população bloqueou ruas e levantou barricadas. Soldados da missão, inclusive brasileiros, foram apedrejados por uma furiosa população que exigia a retirada das tropas.

Como se não bastasse, no dia 28 de janeiro, o país ainda enfrentou um processo eleitoral totalmente fraudulento. A ocupação militar torna as eleições uma farsa. O poder real não está na presidência da república, mas nos quartéis e embaixadas estrangeiras. Para ser preciso na embaixada dos EUA e do Brasil.

Um ano após o terremoto e depois de 2416 dias de ocupação militar é preciso exigir que o governo Dilma retire os soldados brasileiros do Haiti. A presença dos soldados só serve aos interesses das multinacionais, oprimindo o povo haitiano. O Haiti precisa de médicos, não de soldados.