O principal debate do Congresso da UEE-SP, que ocorreu de 1º a 4 de maio em São Carlos, foi a posição dos quase mil delegados diante do governo Lula: sua política econômica, educacional e sua relação com as entidades e o movimento estudantildireção majoritária da UEE-SP – a UJS, ligada ao PC do B – defendeu quase que incondicionalmente o governo, afirmando que este era o “governo das mudanças”, que iria “satisfazer as reivindicações dos estudantes”. Para ela, se há algo de errado é resultado da “pressão de setores conservadores”. As resoluções aprovadas refletem esta concepção e deixam a entidade ainda mais desarmada diante dos ataques, por estar totalmente alinhada ao governo.
A tese Ruptura, composta pelo Movimento Ruptura Socialista e estudantes independentes, fez um balanço bastante crítico dos primeiros meses do governo. “Em vez de atender as expectativas de mudanças de milhões de estudantes e trabalhadores que votaram em Lula, o governo vem mantendo os pilares da política econômica de FHC: mantendo o acordo e o ajuste fiscal do FMI, aumentando o montante de dinheiro que vai para os banqueiros através da dívida externa e do aumento do superávit e avançando nas negociações da Alca. Sem a ruptura com esse modelo, não haverá mudanças”, afirma José Erinaldo Jr., diretor da UEE.
A reforma da Previdência também tem conseqüências para as universidades, como alerta Thaís, da USP: “Como a reforma vai retirar direitos de professores e funcionários, muitos estão se aposentando este ano e vários cursos podem fechar”. Sirlene Maciel, da Unicsul, concorda que a Educação sofrerá com a política de Lula: “Para manter o acordo com o FMI, o governo cortou R$ 341 milhões da Educação e declarou que não vai combater o crescimento do ensino privado, vai apenas ‘regulamenta-lo’. O que queremos é o investimento de pelo menos 10% do PIB em Educação e a revogação da reforma educacional de FHC, como a Lei de Mensalidades e o Provão”.
Outra polêmica foi sobre a presença da UNE no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social: “As entidades estudantis têm que optar entre defender a luta dos estudantes ou o governo. O caminho que a UJS escolheu é o de se calar frente à política econômica, a reforma da Previdência e os cortes de verbas, por isso integra um Conselho que só serve aos banqueiros. Achamos que a UNE deve sair já e denunciar este pacto social com a burguesia”, disse André Pluskat, da FATEC-SP.

Resultados

PCdoB, PSDB, PPS, PSB, PDT, PV – 567 votos
RUPTURA – 81 votos
Esquerda PT, Articulação, MR-8* – 272 votos

*Não integrou, mas votou na chapa

Post author Hermano Rocha de Melo,
primeiro-secretário da UNE
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