I
No ano de vinte e nove
A depressão veio ao mundo
A economia caiu
Bancos ficaram sem fundo,
Teve uma grande explosão
Tudo em questão de segundo.

II
Essa grande crise foi
Maldição do século vinte
Causando enorme inflação
Deixando a massa pedinte
E a segunda grande guerra,
O passo dado em seguinte.

III
Pois a superprodução
Doença do capital
Com a globalização
A crise é fenomenal
Pois o crescimento de boom
É sempre artificial.

IV
Essa crise americana
Faliu crédito hipotecário
Botou abaixo a doutrina
Que sai no jornal diário,
E muito império em ruína,
De mega bilionário.

V
O sistema está bichado
Com o FED, o banco central,
Com seus papéis arriscados
Que já não vale o metal
Pois seus títulos lastreados,
Agora é o eixo do mal.

VI
O galope da inflação
Puxa a crise no planeta
Engordaram especulando
Mamaram muito na teta
E querem que o povo aceite
Essa maldita faceta.

VII
A taxa no sobe e desce
Deixa o mercado nervoso
O prejuízo não cobre
O crack é perigoso
Assustados estão os nobres
Com o quadro desastroso.

VIII
Brasiléia foi o marco
Com o princípio nostálgico
Que se revelou impróprio
Transformando tudo em trágico,
Para o neoliberalismo,
Salvar somente o mágico.

IX
Com sua mão invisível,
O capital regularia
Agora passando mal,
Leva abaixo a teoria
Que o neoliberalismo
Salvaria o mundo um dia.

X
O Capital só dizia:
Não é papel do Estado
Intervir na economia
E agora mudou de lado
Para a verba pública é fria
É assalto declarado.

XI
O acordo de Brasiléia
Que limita o dinheiro
Dentro de uma assembléia
Aprova muito ligeiro
A coisa como tá feia
Vem grana do estrangeiro.

XII
O tal do megapacote
Estar sendo preparado
Dinheiro enchendo o pote
Que do povo foi roubado
Assaltar é sempre o mote
Do capitalismo safado.

XIII
Injetar dinheiro público
É o plano do tesouro
Ao explorado o suplício
Ao bandido todo o ouro
Pra sempre ganhar o rico
E do pobre tirar o couro,

XIV
Os 700 bilhões
Pra o pacote salvador
Pensa ser a solução
Pra banqueiro enrolador
Quem vai pagar essa conta
É o povo sofredor.

XV
O Bush da Casa Branca
Com McCain e com Obama
Depois da conversa franca
Organizaram uma trama
Deputados resistiram
E Bush caiu da cama.

XVI
O plano de salvação
Proposto por Bush filho
De olho na eleição
Deputados não dão milho
Aprovaram a rejeição
Deixando o país sem trilho.

XVII
E por vinte e três de maioria
O pacote é rejeitado
E Bush apertou o cinto
Com o não do deputado
Cada um só disse não
Visando ser bem votado.

XVIII
A aprovação do plano
Não evita a recessão
O pacote bushiano
Não será a salvação
O tesouro americano
Ficará na flutuação.

XIX
Agora na contramão
Com o pacote maquiado
Deputados aprovaram
Deixando tudo de lado
Foi feito um acórdão,
Com apoio do senado.

XX
A grande queda do crédito
Sobe o endividamento
A crise é o veredicto
Da miséria em andamento
O capitalismo um mito
Demonstrou ser um tormento.

XXI
E Wall Street em colapso
Feriu a superpotência
Ajuda a ser o passo
Pra sair da impotência
O capital aos tropeços
Vive hoje a insolvência.

XXII
A economia em pânico
Mergulhou na quebradeira
Igualmente o Titanic
Salvar nem a feiticeira
Apesar de que é cíclico.
O mercado desce a ladeira

XXIII
É bolsa na agonia
Especulador no aperreio
Acordado noite e dia
Perturbando seu passeio,
Investidores aflitos
Com tamanho bombardeio.

XXIV
As bolsas estão em queda
E a maior seguradora
Nem mesmo com pára-quedas
A ajuda é protetora
Pois o rombo não se veda
Com a crise arrasadora.

XXV
Dinheiro em grande volume
Escapando pelo ralo
Voando igual vaga-lume
Ou galopando a cavalo
O especulador não assume
O prejuízo desse embalo.

XXVI
Os efeitos dessa crise
Tem deixado grande rombo
Empresas na decadência
As bolsas levando tombo
Capitalismo em ruína
Volta à era de Colombo.

XXVII
O liberalismo em xeque
E a recessão profunda
Assinado em branco o cheque
O mercado mais afunda
Brincando feito moleque
O império cai de bunda.

XXVIII
As bolsas no vermelho
É declínio no império,
Revela-se no espelho:
O câmbio no cemitério
A economia em decadência
E a crise não tem mistério.

XXIX
Os países emergentes
Pensam que estão por fora
Mas são subservientes
E chegará a sua hora
Cairão lá do batente
Murcharão com a piora.

XXX
Da China até o Brasil
Entrarão na turbulência,
Acelerado a mil
Há de sofrer conseqüência
Da política de funil
Aprovada por “excelência!”

XXXI
Dependentes dos Estates
Vemos quase o mundo inteiro
É China, Brasil, e outros
Alimentando a banqueiro
Agora não é proibido
O governo injetar dinheiro.

XXXII
Com o estouro da bolha
Os negócios vão pra China
Os preços caem feito folha
A produção se elimina
Rico já joga a toalha
E a queda será a sina.

XXXIII
A crise econômica vem
O Brasil não é blindado
Quem viver isso verá:
Pedaço pra todo lado
Lula na frente dirá:
“Já foi tudo dominado.”

XXXIV
Estoques de investimentos
De capital estrangeiro
A qualquer um dos momentos
Poderão fugir ligeiro
E que a nossa economia
Perderá muito dinheiro.

XXXV
A economia brasileira
Já está sendo afetada
Já falta crédito na praça
Prova da crise chegada.
Lula deixe de besteira
Que será forte a pancada.

XXXVI
Cento e sessenta bilhões
Socorrerão banqueiro
Queimando toda reserva
Apagando o candeeiro
Lula reza na cartilha
De governo estrangeiro.

XXXVII
Com o capital fictício
O trabalho nunca ganha
A burguesia e seus vícios
É quem mais faz a barganha
Pra sair do precipício
Luta de classe é a façanha.

XXXVIII
O crédito consignado
Enricou muita quadrilha
Aquilo que era fiado
Transformou-se numa pilha
De dívidas pra todo lado
E a massa maltrapilha.

XXXIX
Os ricos que inventaram
A tal crise paguem o preço
“O Mateus que foi parido”
Que vá ao seu endereço
A conta com correção
Do fruto de seu tropeço.

XL
A fuga do capital
É roubo legalizado
Impedir esse assalto
Com o povo mobilizado
Economizar dinheiro
No banco estatizado.

XLI
Essa crise ameaça
O trabalho e o salário
Jogará nossos direitos
Para dentro do armário
Vão querer introduzir
O trabalho tão precário

XLII
Investir no social
A dívida não mais pagar
Retirar dos velhos sócios
A ganância de explorar
Construir outro negócio
Pra quem vive a trabalhar.

XLIII
Planejar a economia
Permitirá crescimento
Pondo fim a triste fome
De quem vive no relento
Socializar a riqueza
Acabando o sofrimento.

XLIV
E o sistema bancário
Tem de ser estatizado,
O poder do operário
Tudo bem organizado
Construindo um ideário,
Que defenda o explorado.

XLV
O Sistema estatizado
A economia dar salto
O poder de nosso lado
Não terá mais o assalto
Trabalhador no comando
É emancipação no alto.

XLVI
Trabalhador vamos juntos
Reagir com muita luta
Cortando o mal de navalha
Fortalecer quem labuta
E dividir por igual
Pra todos a mesma fruta.

XLVII
A crise desse sistema
Não é só regulação
Nem a moral é problema
Para desagregação
É capital que se queima
É sistema em explosão.

XLVIII
Socialismo é o caminho
Levantemos a bandeira
Defendendo os oprimidos
Da barbárie que é caveira
Com a burguesia caída,
É saída verdadeira.

XLIX
Só uma revolução
Com poder socialista
Salvará a humanidade
Da mazela capitalista
Derrubando em todo mundo
O sistema imperialista.

L
Não aos demo-republicanos
A pobreza é teu viver
Não queira nos convencer
Dos teus velhos planos
Organizando-se em anos
Pra teu poder derrubar
Oprimidos vão lutar
Em prol duma nova história
Trabalhadores com glória
Assumindo o seu lugar.

FICHA:
NOME – A TURBULÊNCIA ECONÔMICA
TEMA – Política
AUTOR – Nando Poeta
LOCAL – São Paulo (SP)
DATA – Setembro de 2008
ESTROFES – 49 de seis versos (sextilhas)
FINAL – Uma estrofe em acróstico NANDOPOETA

Nando Poeta nasceu em Natal (RN), em 5 de novembro de 1962. Filho de Manoel Soares dos Santos e Cleonice Soares dos Santos. Professor e sociólogo, militante do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado.

  • Leia outros textos do autor