Enquanto o PSDB abria seu congresso nacional no último dia 22, o procurador-geral da República, Antônio Fernando Souza, apresentava ao Supremo Tribunal Federal (STF) sua denúncia contra o chamado “tucanoduto” mineiro. O documento de 90 páginas descreve um esquema de desvio de verbas para o financiamento da campanha do então candidato ao governo de Minas, em 1998, o atual senador Eduardo Azeredo.

Além do senador tucano, o procurador também cita Walfrido Mares Guia, que integrava o governo do Estado e coordenava a campanha eleitoral tucana. Diante da denúncia, Walfrido deixou o Ministério das Relações Institucionais (aquele mesmo que negocia cargos e verbas em troca de apoio ao governo Lula).

O esquema desviou R$ 3,5 milhões de estatais e contava com a participação de Marcos Valério, o mesmo que, anos depois, coordenou o “mensalão” do governo Lula. Além disso, o desvio era realizado através da empresa de publicidade de Duda Mendonça. A semelhança dos dois escândalos é tanta que o procurador chama o “tucanoduto” de “laboratório” para o “mensalão”.

A denúncia deixa evidente a razão pela qual os tucanos não foram a fundo nas investigações contra o “mensalão” do PT. O governo Lula nada mais fez do que dar seqüência ao esquema montado pelos tucanos. Até mesmo Marcos Valério e Duda Mendonça foram reaproveitados no âmbito federal, levando sua “experiência” ao Congresso e ao Planalto.

A defesa de Azeredo segue também a mesma linha adotada pelo PT. Segundo ele, teria havido apenas caixa-dois. O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB) saiu em defesa do tucano e disse que a roubalheira “é um percalço da vida”. Aécio está preocupado que a lama possa atingi-lo, estragando suas pretensões presidenciais.

Não há prazo para aceitação da denúncia a ser julgada pelo STF. Porém, assim como ocorreu com o “mensalão”, mesmo que seja aceita, os responsáveis não serão punidos. Em toda sua história, o Supremo nunca condenou ninguém. Há grandes possibilidades de o processo do “mensalão” não ter nenhum desfecho e mofar nas gavetas do STF.

Essa nova denúncia mostra que PT e PSDB são iguais. Assim como os tucanos não quiseram investigar o “mensalão”, o governo, preocupado em aprovar a CPMF, pretende abafar o escândalo. Além disso, é revelador que o coordenador do “tucanoduto” em Minas estivesse agora à frente da coordenação política do governo Lula. Mostra também a falência das instituições. Até mesmo da justiça burguesa, vista como última barricada de moralidade do sistema, mas sempre pronta a absolver os políticos corruptos.

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