29/08/2017- Brasília- DF, Brasil- O presidente do Senado, Eunício Oliveira, preside sessão do Congresso Nacional para analisar e votar vetos presidenciais Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Redação

Fundo eleitoral vai retirar R$ 472 milhões da saúde e educação para campanhas de políticos corruptos

Num momento em que todo o país protesta contra o governo e os políticos, tanto nos blocos de rua do Carnaval quanto nos sambódromos, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) acaba de liberar mais R$ 900 milhões para os candidatos torrarem nas eleições. A medida consta da resolução do tribunal sobre o tema divulgada no início de fevereiro.

Serão exatamente R$ 888,7 milhões que os grandes partidos poderão gastar em suas campanhas milionárias, além daquele R$ 1,7 bilhão já garantido pelo fundo eleitoral estabelecido na “reforma política”. A grana extra vem do fundo partidário. No total, os caciques dos grandes partidos corruptos poderão gastar R$ 2,5 bilhões na campanha eleitoral.

Além desses milhões a mais, o TSE também permitiu que os candidatos banquem 100% de suas próprias campanhas, o que beneficia os candidatos mais ricos. O limite de gastos a ser usado nas candidaturas, por sua vez, mantém as campanhas milionárias. Para presidente, por exemplo, cada candidatura vai poder gastar R$ 70 milhões. Para governador, de R$ 2,8 a R$ 21 milhões. E para deputado federal, R$ 2,5 milhões.

Quer um exemplo de quem isso privilegia? O empresário-picareta Eike Batista, que chegou a ser o 8º homem mais rico do mundo graças às tramoias que armou nos governos do PT, mantém uma fortuna de 116 milhões de dólares. Isso dá R$ 377 milhões. Nada difícil desembolsar os R$ 5,6 milhões do teto à campanha para o Senado e, assim, ganhar foro privilegiado e escapar de ter que voltar à cadeia.

Além de manter as campanhas milionárias para políticos corruptos, que farão de tudo para se reelegerem e escapar da Papuda, nada garante que esse fundão vai acabar com o caixa 2. Alguém acha mesmo que empreiteiras, bancos e grandes empresas resistirão à tentação de enfiar alguns “trocados” por debaixo dos panos?

Tirando da Saúde e Educação
Ao contrário daquele discurso dos defensores do fundão bilionário, de que os recursos às campanhas eleitorais não retirariam dinheiro das áreas sociais, a realidade é que ele vai sim tirar da saúde e educação para financiar propagandas de políticos corruptos. De acordo com levantamento do Estadão, mais precisamente R$ 472 milhões, sendo R$ 121 milhões da educação e R$ 350 milhões da saúde.

Quando o Congresso Nacional estava votando a reforma política que instituiu o fundão bilionário, disseram que os recursos viriam das emendas parlamentares, aquelas emendas utilizadas pelo governo como moeda de troca com deputados para coisas como salvar Temer de denúncias de corrupção ou votar a reforma da Previdência. O que não disseram é que parte dessas emendas iriam para escolas, hospitais e postos de saúde.

Reforma antidemocrática
O fundão bilionário é apenas um dos absurdos aprovados pela “reforma política” no ano passado. Junto a ele, temos também cláusula de barreira e o fim do tempo de televisão a partidos ideológicos como o PSTU. Tudo para beneficiar os mesmos partidos corruptos que aí estão.