Em mais uma batalha vencida, sindicato apresentou estudo que comprovaria que as demissões não são justificáveis, mas Embraer continua inflexível. Mobilização vai continuar com mais forçaEnvie uma mensagem agora para Lula exigindo a interferência do governo

O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) determinou nesta quinta-feira, dia 5, que a suspensão das 4.270 demissões da Embraer seja prorrogada até o dia 13 de março, quando acontece uma nova audiência de conciliação entre a empresa e os sindicatos de metalúrgicos de São José dos Campos e de Botucatu.

A audiência aconteceu em Campinas e foi conduzida pelo presidente do TRT, desembargador Luiz Carlos Cândido Martins Sotero da Silva. Representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, filiado à Conlutas, mostraram-se dispostos a negociar, mas a Embraer manteve-se inflexível e se recusou a apresentar qualquer proposta para reverter as demissões. “A liminar está mantida até o dia 13 março e seus efeitos devem ser respeitados”, disse o presidente do Tribunal.

Atendendo à determinação do TRT, a Embraer apresentou relatórios financeiros que, segundo seus representantes, justificariam as demissões. Já o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e a Conlutas apresentaram um estudo econômico com dados que comprovam exatamente o contrário. O documento foi juntado ao processo.

Entre os dados citados no documento, retirados do site oficial da própria Embraer, a estimativa da empresa é de que o faturamento de 2008 fique em torno de R$ 10 bilhões, repetindo os resultados recordes dos últimos anos. A empresa também tem em caixa R$ 3,6 bilhões, dinheiro suficiente para pagar os salários de todos os seus funcionários no mundo durante dois anos. A carteira de pedidos firmes da empresa continua em cerca de US$ 20 bilhões e a cadência de produção em 2009 também será maior em relação a 2008, que já foi recorde.

Outro dado citado: anualmente, a empresa distribui uma bonificação de R$ 50 milhões à sua Diretoria Executiva, Conselho de Administração e Conselho Fiscal, que somam apenas 26 pessoas. Portanto, é uma das demonstrações de que há espaço para cortar custos, sem que seja necessário demitir trabalhadores.

“A Embraer teve lucros recordes. A queda alegada pela empresa é resultado de especulação irresponsável no mercado financeiro e, por isso, perdeu milhões nos chamados derivativos. É inadmissível que a ganância, irresponsabilidade e incompetência da direção da empresa provoque uma tragédia na vida de mais de 4 mil famílias”, afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Adilson dos Santos, o Índio.

Antes da próxima audiência, acontecerá uma reunião informal entre as partes, no dia 9 de março, às 15h, no gabinete do presidente do TRT. Caso a Embraer e os sindicatos não cheguem a um acordo nos próximos encontros, o caso seguirá para julgamento.

Para o Sindicato, o resultado da audiência desta quinta-feira dá mais fôlego à luta pela readmissão dos trabalhadores da Embraer. “A audiência evidenciou mais uma vez a falta de disposição da Embraer para negociar e de desrespeito com os trabalhadores. Mas a mobilização vai continuar para que esta decisão de suspensão seja confirmada e a reintegração seja determinada imediatamente”, conclui Adilson dos Santos.

Durante a audiência, manifestantes mantiveram-se em frente ao TRT. Eram, principalmente, trabalhadores demitidos da Embraer que estiveram em Brasília na quarta-feira e foram recebidos pelo presidente Lula.

Parceira da Embraer demite 60
As consequencias das demissões na Embraer começam a surgir. A empresa metalúrgica Sobraer, de São José dos Campos, demitiu na manhã desta quinta-feira 60 trabalhadores do primeiro turno. Há informações de que os cortes continuam no segundo turno. A Sobraer é fornecedora da Embraer em São José dos Campos.

Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Agência Brasil

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