Lula pretende enviar seleção brasileira de futebol ao Haiti para reforçar ocupaçãoO que a Seleção de 70 fez, dedicando a vitória no mundial ao governo militar, irritou a esquerda, tanto que muitos militantes honestos (e torcedores fanáticos) torcerem contra a Seleção. Mas os fatos mostram que usar o futebol e as grandes paixões das massas contra elas mesmas não é prerrogativa das ditaduras. Os governos ditos democráticos também o fazem. E Lula se esmera. Não satisfeito em enviar tropas ao Haiti, agora quer enviar a Seleção. É preciso aplacar a ira do povo haitiano, e nada como um bom jogo de futebol para isso. “Quando vejo o Brasil jogar, é como uma droga. Minha fome e meus problemas vão embora”, declarou Jacques Milien, morador de uma favela em Porto Príncipe.

O povo haitiano adora o futebol brasileiro, a ponto de, na Copa de 2002, transformar todos os dias de jogos da nossa Seleção em feriados nacionais. Mas o futebol não é capaz de esconder a enorme miséria do povo haitiano e as brutais diferenças econômicas entre seus jogadores e os jogadores brasileiros. A renda per capita dos jogadores brasileiros é de US$ 5,2 milhões por ano, enquanto a dos haitianos é de US$ 440.

Lula declarou que vai promover, junto com a corrupta CBF, a partida amistosa no dia 16 de agosto. Esse jogo contará com a participação da dupla de Ronaldos e até com o pontapé inicial do próprio Lula. Alguns diplomatas revelam preocupações quanto à possibilidade de haver mortes nas disputas por ingressos.

Os americanos expulsaram Aristide (colocado no poder por eles) e impuseram um outro presidente, mais fantoche ainda. O povo haitiano vem lutando dia e noite contra isso. Os americanos e a ONU querem que a população deponha as armas e aceite a ingerência estrangeira como “salvação” do país.

O Brasil, país do futebol, está colaborando ativamente com a ocupação imperialista. Mandou tropas de coturno e agora manda tropas de chuteira. Para assistir ao jogo, o ingresso é uma arma. Entregue sua arma e veja o “fenômeno” fazer um gol. Ricardo Teixeira, o maior corrupto que já ocupou o trono na CBF, não pára de sorrir. E os craques da seleção estão sendo usados para essa manobra. “Se for por uma boa causa, vamos lá”, disse o “fenômeno” Ronaldo, sem sequer suspeitar que a “boa causa” só é boa para os americanos. Depor as armas, hoje, no Haiti, significa renunciar à luta pela soberania nacional. A paz hoje no Haiti é a paz dos cemitérios.

Um jogador de futebol que aceite uma derrota em campo, entregando o jogo sem nem mesmo tentar lutar merece o repúdio da torcida. O governo Lula, capacho do imperialismo americano e da ONU, quer fazer com que os jogadores referendem uma derrota do povo haitiano sem luta. Eles estão indo para enganar o povo, fazer com que deponha as armas, que aceite a opressão e a miséria, renuncie ao seu orgulho, aos seus direitos, à sua coragem de não se deixar abater calado. O futebol brasileiro não merece esse “troféu”.

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