Tropas da Minustah ocupam o país há oito anos

MINUSTAH (Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti) invade as dependências da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade do Estado do HaitiA Faculdade de Ciências Humanas, símbolo da resistência da universidade às tentativas de retorno à opressão dos últimos anos, foi palco, na última sexta (15/6), de uma viva agitação após a intervenção violenta dos “capacetes azuis” brasileiros que tentaram, por várias vezes, penetrar no interior da instituição, causando cenas de pânico e deixando muitos feridos. Os pára-brisas de ao menos dois veículos foram deixados em pedaços.

Os estudantes foram vítimas de golpes brutais no momento em que fugiam das balas de borracha atiradas pelos soldados da Minustah.

Denunciando na imprensa uma verdadeira provocação após ter alertado o reitor da universidade do Estado, Jean Vernet Henry, o coordenador da FASCH (Faculdade de Ciências Humanas), Hancy Pierre tornou público que a descida dos militares estrangeiros interrompeu uma assembléia mista que estava sendo realizada.

Revoltados, estudantes e professores ficaram particularmente angustiados no fim da tarde, quando uma centena de agentes encapuzados, do batalhão brasileiro, novamente cercaram a universidade sob o pretexto de que vinham resgatar uma granada lançada que não havia explodido.

Muitos estudantes, que se expressaram através do microfone da Radio Kiskeya, exigiram às autoridades um retorno imediato à ordem e um apelo à saída do país das forças de ocupação da ONU, acusadas, notadamente, de serem responsáveis da mortal epidemia de cólera.

A Minustah ainda não tinha respondido até esta noite (domingo, 17 de junho) sobre o ataque injustificado e a invasão do espaço universitário, considerado totalmente inviolável pela Constituição do país.

Presente desde 2004 no Haiti, a força da ONU conta com aproximadamente 10 mil militares e policiais internacionais.

Tradução: Otávio Calegari

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