Numa ação que remonta aos tempos da ditadura militar, a polícia invade o campus de uma universidade pública para reprimir uma manifestação do movimento estudantilNa madrugada desta quarta-feira, por volta das 2h30, a tropa de choque invadiu o campus da cidade de Araraquara da Universidade Estadual Paulista (Unesp), levando presos pelo menos 120 estudantes que ocupavam o prédio. Segundo informou o portal Último Segundo, os policiais estavam em grande número – cerca de 180 -, armados com cacetetes e escudos, e surpreenderam os estudantes.

Os alunos ocupavam desde o dia 13 de junho a diretoria do prédio da Faculdade de Ciências e Letras (FCL). A ação era um protesto contra os decretos do governador José Serra, que ferem a autonomia universitária, e por reivindicações específicas.

Segundo indicam relatos, a ação da polícia foi semelhante às da ditaduram, nos anos 1960 e 70. A tropa chegou em ônibus, na calada da noite, acompanhada pelo diretor da unidade, Cláudio Gomide. No momento da invasão, os estudantes realizavam uma plenária em que discutiam os rumos do movimento. Gomide havia pedido reintegração de posse um dia antes e registrara boletim de ocorrência contra os alunos.

Os estudantes não resistiram. Mesmo com a saída pacífica, porém, foram todos presos, levados à delegacia e registrados por invasão de prédio público e descumprimento de ordem judicial. Colegas dos estudantes detidos e a imprensa foram impedidos de chegar ao local.

Outros quatro campi da Unesp estão ocupados por estudantes: Ourinhos, Assis, Rio Claro e Franca, todos no interior do Estado de São Paulo. Os estudantes da Unesp fazem parte do movimento que tomou conta das universidades estaduais paulistas desde a ocupação da USP, pela derrubada dos decretos do governador e em defesa da educação pública.

A ação da tropa de choque foi truculenta e desproporcional. Em momento algum os estudantes foram chamados pela polícia ou pela direção da faculdade para negociar uma saída pacífica.

Uma aluna que estava no prédio declarou ao portal G1 que pediram tempo para a retirada dos objetos pessoais de dentro da sala e a polícia não deu. Segundo ela, o policial dizia: “Olha, mocinha, é bom tirar o pessoal daí de dentro, porque senão vai sair gente machucada”.

A entrada da PM e o uso da força dentro das universidades para reprimir o movimento estudantil é uma prática utilizada no período da ditadura militar e, por isso, inaceitável. O PSTU repudia qualquer ação que vise a calar os estudantes e cercear o direito a se manifestar, sobretudo o uso da força e da intimidação ao movimento.

Infelizmente, a invasão da Unesp pela polícia é somente mais um capítulo da tentativa de criminalização dos movimentos sociais, encampada por todos os governos, desde Lula até os governadores e prefeitos. É papel de cada lutador resistir a esta investida e defender cada ativista perseguido.

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