Passeata deixa a Praça da Sé
Diego Cruz

Na contramão das festas governistas de CUT e Força Sindical, diversas entidades e ativistas organizaram um ato unitário de 1º de Maio classista, de luta e contra as reformas do governo Lula. Milhares de pessoas se concentraram na Praça da Sé a partir das 10 horas da manhã. Eram cerca de três mil pessoas, que estavam ali não para um sorteio de automóvel ou por shows gratuitos, mas para defender os direitos e reivindicações dos trabalhadores, reafirmando a própria história do 1º de Maio, esquecida pelos pelegos da CUT e da Força Sindical. O ato classista e de luta contou com a presença de diversas entidades, entre elas a Conlutas e os sindicatos e oposições sindicais que a estão construindo.

Entre os partidos, participaram PSTU, PCO, P-SOL, e PCB. O PCdoB enviou apenas alguns poucos representantes. O ato, que teve o caráter de unidade em torno da luta contra a reforma, também contou com a participação de grupos e sindicatos da esquerda da CUT e da Pastoral Operária. Também estiveram presentes a senadora Heloísa Helena (P-SOL – AL) e o deputado federal Ivan Valente (PT-SP).

Após um ato de abertura, a passeata saiu da Praça da Sé às 11h30, realizando um percurso até a Delegacia Regional do Trabalho, na Rua Martins Fontes, passando pela Rua Boa Vista, sede dos principais bancos do país e estrangeiros. Ecoaram pelo Centro da capital paulista os tambores e os gritos de “a CUT, a CUT, a CUT é governista! Abaixo a reforma Sindical e Trabalhista”, palavra de ordem que resume alguns dos principais motes do ato. Os manifestantes fizeram uma parada para as falas das entidades no Viaduto do Chá e um ato final contra a reforma Sindical e Trabalhista em frente à Delegacia Regional do Trabalho, onde a passeata chegou às 12h45.

As principais temáticas do ato foram as críticas ao governo Lula e sua reforma Sindical e Trabalhista, às centrais governistas e seus atos-show em todo o país. Diversas falas compararam o caráter governista das festas da CUT e da Força Sindical e o 1º de Maio de luta e classista contra a reforma. Sobre esse tema, Valdemar Rossi, da Pastoral Operária, afirmou que “é nos momentos mais difíceis que é preciso buscar no fundo da nossa alma as energias para construir a resistência e para colocar no olho da rua aqueles que estão traindo o movimento”. A necessidade de os sindicatos romperem com a central governista também foi defendida por vários oradores e em gritos como “O sindicato é pra lutar! Romper com a CUT já!”. O papel da Conlutas nesse processo de reorganização ficou claro com a presença expressiva da coordenação no ato. Os ativistas ressaltavam isso, ao gritar “A Conlutas é pra ação! Está surgindo uma nova direção!”.

O ato não se ateve somente às reivindicações atuais dos trabalhadores. Dirceu Travesso falou, em nome do PSTU, que “mais do que uma luta contra a reforma e por reivindicações específicas, o 1º de Maio é um marco nas lutas dos trabalhadores de todo o mundo contra a exploração”. Em diversas falas foram lembradas as lutas dos povos de todo o planeta desse último período, como a dos equatorianos, a resistência iraquiana, a Intifada palestina, o levante na Nicarágua, as lutas do povo boliviano. Zé Maria falou em nome da Conlutas que “este também é um ato internacionalista e de homenagem a todos aqueles que lutam contra a exploração no mundo”. Complementando todas essas falas, ao final do ato, foi queimada uma bandeira dos EUA, em repúdio ao imperialismo e seu avanço colonialista sobre os povos do mundo.

A bandeira do socialismo também teve suas forças renovadas em algumas intervenções, mostrando que ela não só é atual, mas urgente. O sindicalista Magno de Carvalho, do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo), analisou que “estamos aprendendo uma lição: não é pelo voto que vamos transformar o mundo e o país. Só a revolução socialista é que vai mudar o mundo e derrotar o capitalismo”.

O ato e a passeata foram muito bonitos, com diversas bandeiras vermelhas, faixas, com a presença de muitas entidades. Alguns ativistas mais antigos comentavam que esse 1º de Maio lembrava muito os primeiros atos de quando a CUT estava sendo construída. Os manifestantes foram à manifestação cumprir uma função importante não só na luta contra a reforma Sindical e Trabalhista, ou em defesa das reivindicações pontuais da classe trabalhadora. Mais do que isso, os presentes cumpriram neste 1º de Maio um papel histórico, de construção de uma alternativa de direção da classe trabalhadora, mostrando que por fora da CUT há muitas energias para lutar e reorganizar o movimento sindical do país.

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  • Ato do 1º de Maio em São Paulo