“CUT independente, de luta e socialista“

“No Brasil, depois de oito anos de FHC e de submissão ao FMI, com reformas neoliberais que provocaram desemprego, fome e miséria; atacaram os direitos trabalhistas e arrocharam salários, os trabalhadores votaram por mudanças e derrotaram o representante do neoliberalismo com a eleição de Lula para presidente.
No entanto, o governo ainda não deu mostras de mudanças: mantém os acordos com o FMI e as negociações sobre a Alca, inclusive não convocando um plebiscito oficial para saber a opinião do povo sobre essa questão. Ainda liberou por medida provisória o comércio de transgênicos. Na política econômica elevou duas vezes a taxa de juros e consequentemente a meta de superávit primário, cortando 14 bilhões do orçamento. Aprovou mudanças na Constituição abrindo caminho para a “autonomia” do Banco Central. Por fim, elegeu como prioridade inicial a reforma da previdência nos moldes do governo FHC, atacando direitos e atendendo a critérios do “mercado”, gerando um sentimento de perplexidade nos trabalhadores.

Diante disso, precisamos de uma CUT que organize e impulsione a luta pela manutenção e ampliação dos direitos sociais e trabalhistas, pelo rompimento com o FMI, pelo não pagamento das dívidas externa e interna e contra a Alca. Que rejeite os pactos sociais e aponte para a necessidade da superação da exploração capitalista e por uma sociedade justa, igualitária e socialista.

Não é esse o sinal dado pela Articulação Sindical (ArtSind) que aceitou a indicação do presidente Lula de eleger Luiz Marinho para a presidência da CUT. Lula, como governo, obviamente quer uma central que sustente suas políticas. Já a aceitação disto por parte da cúpula da ArtSind coloca a CUT sob a clara ameaça de se transformar numa central governista e, portanto, dependente, rompendo o princípio histórico da independência de classe frente a governos e partidos. (…)

A nossa responsabilidade nesse momento é imensa. Está em xeque tudo o que construímos nesses 20 anos. É fundamental nossa unidade para a construção de uma alternativa socialista a esse projeto adesista da ArtSind. Esse debate está posto para o próximo Concut, no debate político das resoluções, na disputa pela direção da central e no pós congresso. (…)

Por isso fazemos um chamado à unidade dos setores organizados da esquerda cutista, aos dirigentes e militantes que não estão em correntes e, inclusive, à base da corrente majoritária que continua acreditando numa CUT independente, classista, de luta, democrática e socialista.

Chamamos todos os que concordam com as idéias expostas nesse manifesto a assiná-lo, levando esse debate no seu espaço de atuação, lutando para eleger e convencer delegados aos congressos estaduais da CUT e ao Concut, sobre a importância dessa unidade. (…)”
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