Aline Costa, de Salvador (BA)

Nessa quinta-feira, 9, Porto Alegre (RS) deu início à luta anual contra o aumento das passagens. O Bloco de Lutas foi para as ruas manifestar indignação contra mais um aumento. Como sempre, os empresários do transporte público, em conluio com a Prefeitura, aproveitam-se do merecido descanso que uma parte da classe trabalhadora tira no período de férias escolares dos seus filhos, para subir o valor das passagens de ônibus e lotações. Essa é uma velha e conhecida tentativa de evitar uma resposta organizada nas ruas, como os protestos contra os aumentos em junho de 2013 que, pela pauta dos transportes, eclodiu em forma de luta nas ruas e resultou na redução de tarifa em mais de 50 cidades no país. Desde então, não paramos de lutar.

Porto Alegre tem um transporte coletivo que segue o mesmo padrão das grandes capitais e médias cidades do país: é caro, de péssima qualidade, lotado e controlado por empresários e políticos encastelados em governos e câmaras de vereadores que decidem tudo pelas costas da população jovem e trabalhadora, que é quem de fato precisa utilizar o serviço.

Atualmente, os usuários do transporte público da capital gaúcha pagam R$ 3,75 para andar de ônibus. Se o aumento passar, tudo indica que vamos pagar, já no início de março, R$ 4,30. O argumentopara aumentar R$ 0,55 é o mesmo de sempre: é necessário elevar a tarifa para suprir o reajuste salarial dos rodoviários. Colocam a culpa do aumento nas costas dos trabalhadores.

Na proposta da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), o dissídio dos rodoviários foi estimado em 5,15%, percentual obtido a partir de uma projeção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) entre fevereiro de 2016 e janeiro deste ano. Esse valor deve ainda ser parcelado em duas vezes, enquanto a tarifa do ônibus vai subir, de uma só vez, 14%.

Protesto não é crime
O prefeito Nelson Marchezan (PSDB), como todos que até hoje estiveram em seu lugar, enviou sua tropa de choque já no primeiro ato para conter a manifestação contra mais esse aumento. Um enorme contingente do Batalhão de Operações Especiais (BOE) estava lá e reprimiu o ato pacífico com bombas de gás lacrimogêneo. O governo e a polícia tratam os manifestantes como criminosos.

Em 2013, ainda sob a gestão do governador Tarso Genro, seis manifestantes que compunham o Bloco de Lutas contra o aumento das passagens foram indiciados como criminosos. Acusados por crimes que não cometeram, terão sua primeira audiência de julgamento no próximo dia 21 de fevereiro. Têm o nosso apoio e solidariedade, somos sempre solidários com todos aqueles que lutam. Protesto não é crime!


O transporte público é um direito fundamental para que a população tenha acesso a outros direitos como saúde e educação. Um novo aumento da tarifa faz com que, cada vez mais, as pessoas possam se deslocar menos. Os ataques do governo federal, congelando gastos públicos por 20 anos, as reformas da Previdência e trabalhista, combinados com arrocho salarial, aumento da inflação, desemprego e tudo mais que estamos sofrendo, têm consequências nefastas para a juventude, os trabalhadores e o povo pobre. Isso sim, é crime! Manifestar nossa indignação contra esses crimes é um direito!

Mais um aumento não vamos pagar!
Esse aumento é mais um absurdo, um verdadeiro assalto à população. Além de pagarmos mais impostos do que os ricos, de estarmos sofrendo todo tipo de tentativa de retirada de direitos, das elevações gigantescas nos preços dos alimentos, dos aluguéis, do material escolar dos nossos filhos, de termos uma educação e saúde precarizadas, ainda recebemos, todo começo de ano, a elevação nas tarifas de ônibus. Vamos gritar muito contra os ataques que os governos de todas as esferas, junto com os banqueiros e empresários (para garantir seus lucros), reservam para a classe trabalhadora, para a juventude e para o povo pobre.

Não é nas nossas costas que vão jogar o resultado das crises engendradas por esse sistema podre que já deu tantas provas de que não atende os interesses da maioria. Somos muitos, somos fortes! Vamos vencer!

Nossa luta será cada vez maior. Vamos dizer não ao aumento das passagens. Marchezan é mais um prefeito da elite que, na luta, a gente demite. Fora Sartori, Temer e todos eles que exploram, atacam, oprimem e querem tirar do bolso dos trabalhadores e trabalhadoras nossos direitos e nosso suado dinheiro, tudo para manter o lucro dos ricos. Para isso, se faz necessária uma greve geral já!