Com Lula, Sérgio Cabral e Eduardo Paes, o Rio afunda na lama da miséria e das tragédiasApós o temporal de cinco horas que parou a cidade, as consequências são as piores possíveis. As chuvas ainda não cessaram completamente e já passam de 200 os mortos, mais as centenas de desaparecidos e os milhares de desabrigados em toda a Região Metropolitana. Os locais mais afetados são as áreas mais carentes, onde se conta o maior número de mortos. Em alguns bairros, uma grande parcela dos moradores não pode voltar para suas casas.

A imprensa já anuncia que foi o maior temporal em volume de água desde a marcante enchente de 1966, o que representaria um fator natural em todo esse caos. As trágicas mortes são apontadas, a todo momento, como culpa das pessoas que insistem em morar próximo às perigosas encostas.

No Rio, as comunidades mais pobres foram as mais atingidas, como o Morro dos Prazeres, em Vila Isabel, o alto do Morro dos Macacos, o morro do Borel e o da Mangueira.

Niterói foi a cidade mais atingida (veja ao lado).

Governos criminalizam a pobreza pelas mortes
Depois da política genocida de exterminação da pobreza aplicada pelo governo do estado, os principais culpados pelas mortes, apontados pelos governos, não poderiam ser outros: os pobres. Há tempos, os trabalhadores sofrem com a entrada indiscriminada da polícia em comunidades carentes. Com caveirões e armas de guerra, ocasionam um verdadeiro extermínio de pobres e várias chacinas. O governo municipal, aplicando a fundo a política de choque de ordem, visa impedir o trabalho informal de camelôs e ambulantes para enriquecer os donos de bares e restaurantes.

As declarações dadas aos noticiários no dia seguinte ao temporal assombram pela frieza e irresponsabilidade dos governantes. Para eles, além da natureza, que castigou a cidade com o maior temporal de todos os tempos, são os moradores de morros e encostas os responsáveis por suas próprias mortes, já que insistem em permanecer nesses lugares.

Em primeiro lugar, a natureza nada tem a ver com a falta de investimentos em obras públicas e saneamento urbano. As enchentes ocorrem constantemente na cidade, e nenhuma medida é adotada para mudar essa realidade há décadas. Além disso, é uma hipocrisia pensar ou afirmar que os moradores que se encontram em locais de risco ou de alagamento possuam alguma opção de moradia, ainda mais acreditar que esta seria fornecida por esses governos.

Nenhuma mãe ou pai quer suas famílias correndo risco de morte. Os governos são os responsáveis por essas mortes ao permitir que a maioria da população urbana viva na miséria e em péssimas condições de moradia.

O presidente Lula também culpou a população carente e minimizou a responsabilidade dos governos, apontando que esses são responsáveis na medida em que deixam as pessoas construírem casas nesses locais.

Assim, o presidente só reforça a política de “higienização social” desenvolvida pelos governos do Rio, como a construção de muros para cercar as favelas. Os morros mais atingidos no Rio foram os escolhidos pelo governo do estado e pela prefeitura para a “operação limpeza”.

A tragédia retrata também uma combinação de baixos investimentos com uma política de benefício de aliados. Na esfera federal, apenas 12% do montante previsto para o programa de “prevenção e preparação para desastres” foi desembolsado neste ano. Dos R$ 318 milhões autorizados para uso do Ministério da Integração Nacional no programa, R$ 39,4 milhões foram aplicados em 16 estados. O Rio não recebeu nada.
Enquanto isso, a Bahia recebeu 61% do recurso, numa clara manobra para favorecer o ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima, que é pré-candidato a governador.

Post author Rafael Nunes, do Rio de Janeiro (RJ)
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