Tomaz Silva/Agência Brasil

Rodrigo da Silva, do Rio de Janeiro (RJ)

“Quem nunca sonhou em ser um jogador de futebol?” Skank

Um incêndio atingiu o Centro de Treinamento do Flamengo na manhã desta sexta-feira, 8 de fevereiro. Conhecido como Ninho do Urubu, o CT abrigava jovens das divisões de 14 a 17 anos que atuam nas divisões de base do clube. O fogo, que pode ter começado a partir da uma pane em um aparelho de ar-condicionado, foi controlado por volta das 6h.

Foram ao menos 10 mortes, além de atletas e funcionários feridos. Jonathan Cruz Ventura, de apenas 15 anos, foi o mais gravemente ferido, com queimaduras de terceiro grau em cerca de 30% do corpo. Rodolfo Landim, empresário do setor de petróleo que foi eleito presidente do clube em dezembro passado, declarou que “esta é a maior tragédia pela qual o clube passou”.

Mas ainda não “passou”. O Clube de Regatas do Flamengo é hoje a maior potência financeira no futebol do país, tendo desembolsado mais de R$ 100 milhões para adquirir apenas 4 reforços para o seu time principal. Enquanto isso, as jovens promessas do clube dormiam em um alojamento composto de contêineres em uma área que tinha autorização para funcionar apenas como estacionamento.

Mas eram somente atletas da divisão de base, que não tem os mesmos privilégios da minoria de estrelas do futebol que são incensadas para alimentar o mito da ascensão social pelo esporte. Assim como na classe operária, a maioria dos atletas sofre com baixos salários e condições precárias de trabalho, sujeitos a lesões e sem o acompanhamento médico necessário, dormindo em contêineres ou se alimentando em refeitórios sem condições de segurança, como o da Vale em Brumadinho – que levou à morte centenas de operários, e agora põe fim à vida e sonhos de jovens jogadores.

Mesmo nos grandes clubes, as jovens promessas e revelações se tornam apenas um produto a ser explorado pelo capitalismo, gerando fortunas em transações de compra e venda. Tratados apenas como mercadorias e armazenados em contêineres. Poucos desses jogadores conseguirão avançar na carreira e usufruir de alguns dos milhões que circulam nesse mercado.

Não podemos deixar o crime que ocorreu no Ninho do Urubu passar impune. Precisamos exigir que dirigentes e empresários sejam responsabilizados pelo que aconteceu com aqueles jovens os funcionários do clube. Assim como as autoridades, que deveriam fiscalizar e garantir a segurança dos atletas e trabalhadores.

Tragédias como essas não pedem apenas a solidariedade com as vítimas, mas a punição aos responsáveis e garantias que nunca mais acontecerá de novo. Mas sabemos que a única forma de garantir que pessoas deixem de ser tratadas como mercadorias, é derrotando de vez o capital rumo ao socialismo.

Contêiner não é dormitório, é para transporte de carga em navios e trens!
Proibição imediata da utilização de contêineres como alojamento ou instalação para trabalho ou moradia.

Prisão e confisco de bens para indenização das famílias!
Que os dirigentes e empresários que mantiveram os jovens atletas em situação de risco sejam punidos sendo responsabilizados pelo crime que ocorreu no Ninho do Urubu.