A maioria das mulheres trabalhadoras possui duas jornadas de trabalho. A primeira delas é na fábrica, na escola, no escritório, etc. A segunda jornada é dentro de casa: lavar, passar, cozinhar, fazer compras, organizar as crianças para a escola etc. Crescemos aprendendo que essas tarefas de casa são só das mulheres. Por que não pode haver uma divisão mais justa das tarefas domésticas, entre homens e mulheres?

Trabalho doméstico é natural?
Imaginemos duas fábricas de canetas, em que só trabalham homens: a Castelinho e a Colorida. O faturamento das duas ao final do mês é de mil reais. As duas gastam R$ 200 reais com a manutenção de máquinas e compra de matéria prima e mais R$ 200 reais com a folha de pagamento dos trabalhadores. Assim, os donos das duas fábricas lucram R$ 600 reais por mês.

Os trabalhadores da Castelinho fizeram uma greve exigindo que a fábrica construísse lavanderias e restaurantes coletivos e creches. Isso aconteceu porque as esposas dos trabalhadores não aguentavam mais ter que preparar a marmita de seus maridos, lavar o uniforme da fábrica cheio de tinta de caneta, nem deixar as crianças sozinhas em casa, pois muitas delas também trabalhavam fora de casa.

Na negociação, o dono da Castelinho dizia que mulher nasceu para isso. Alguns trabalhadores se convenceram disso, mas as mulheres seguiram dizendo: “Para não perder dinheiro, o patrão está tentando nos dividir e convencer de que somos escravas de nossos maridos. Se o uniforme limpo e os trabalhadores bem alimentados ajudam a fábrica, que o dono da fábrica pague por isso”. A luta seguiu forte e venceu. Na Colorida, em que não houve luta, o dono seguiu lucrando mais do que o dono da Castelinho, pois as mulheres seguiram responsáveis por fazer a marmita, lavar os uniformes e cuidar das crianças.

Hoje em dia, metade da classe trabalhadora é mulher (46%) e ainda somos as principais responsáveis pelo trabalho doméstico. Os patrões dizem que isso é natural, para nos explorar mais e nos fazer trabalhar dentro e fora de casa. E ainda tentam convencer os homens da nossa classe, para nos dividir e nos enfraquecer.

Pelo fim do aprisionamento doméstico!
Lutamos para que o Estado absorva todas essas tarefas: garantia de creches públicas, construção de lavanderias e restaurantes coletivos e públicos. Lutamos para que as empresas garantam a construção de creches, lavanderias e restaurantes coletivos dentro das empresas, para que o patrão passe a pagar um trabalho que lhe serve ao lucro.

Revolucionários e trabalho doméstico
Um revolucionário que acredita na transformação socialista precisa de uma conduta cotidiana que direcione todas as suas ações. Transformar sua companheira, irmã, mãe, avó em sua escrava nos trabalhos domésticos é reforçar uma ideia que só divide a classe trabalhadora.