A empresa Servi-san hoje é o símbolo maior do quanto é prejudicial – para a classe trabalhadora – o processo de terceirização e precarização da mão-de-obra e de serviços públicos em curso no Piauí e em todo o país.

A empresa – que há 47 anos acumula grande patrimônio à custa de uma brutal exploração de seus funcionários – está há cinco meses sem pagar salários do pessoal lotado em órgãos do governo estadual do Piauí e da prefeitura de Teresina. Por isso, com toda razão, os trabalhadores da Servi-san deflagraram greve por tempo indeterminado, em uma assembleia geral realizada nesse dia 13 na Praça Rio Branco, no centro de Teresina. Logo após a assembleia, os trabalhadores e trabalhadoras saíram em passeata pelas ruas da cidade, com paradas em frente à prefeitura municipal e no Palácio de Karnak (sede do governo estadual).

Quem já sofreu atraso salarial por alguns dias sabe o quanto isso mexe com a vida de toda a família. Daí pode-se imaginar o grau do crime cometido pela Servi-san ao atrasar por cinco meses o pagamento aos funcionários da empresa. Há relatos fortíssimos dos trabalhadores. Alguns deles já sofreram até despejos por falta de pagamento do aluguel. Em outros casos, os alimentos estão sendo garantidos por parentes, amigos e vizinhos.

A empresa Servi-san presta serviço terceirizado de vigilância e limpeza para diversos órgãos da administração pública (estadual, municipal e federal), além de instituições financeiras como o Banco do Brasil e Itaú, e por isso tem muito dinheiro em caixa e muitos bens (fazendas, prédios, terrenos urbanos, veículos). O patrimônio familiar dos sócios também é enorme. A recente festa de 15 anos de uma neta do “patriarca” mostra que a “crise” (se ela existe) na empresa só recai mesmo sobre os trabalhadores.

A Servi-san, que hoje nega (os péssimos) salários aos trabalhadores, é a mesma fiel financiadora de campanhas políticas de partidos que estão no poder, como o PSDB, assim como outras empresas do gênero (Limpel etc), que bancam as campanhas do PT, PMDB etc. Na Limpel, também ocorrem ataques a direitos e atraso de salários. Por isso, parte dos trabalhadores da empresa também está na greve.

Esta relação promíscua entre partidos do poder e empresas gera muita corrupção (contratos superfaturados, dispensa de licitação, licitações com cartas marcadas). E além de tudo isso, em momentos como os vividos pelos trabalhadores da Servi-san (e outras empresas no Piauí que também estão atacando os direitos dos trabalhadores), os governos simplesmente se calam e fazem vista grossa, como se também não fosse responsáveis em garantir o pagamento regular dos trabalhadores terceirizados.

É pela “parceria” com os patrões (no momento eleitoral e depois) que os governantes não tomam as devidas medidas para forçar as empresas a pagarem o que devem aos trabalhadores. No caso da Servi-san, além salários atrasados, ainda não foram pagos o 13°, 1/3 de férias, e há algum tempo os trabalhadores não percebem o depósito em suas contas de FGTS.

A direção da Servi-san tem afirmado que o atraso no pagamento nos salários dos trabalhadores se dá por falta de repasse regular do governo do Estado (PT) e da prefeitura de Teresina (PSDB). Neste “jogo de empurra” entre governo e empresa, só quem se dá mal é o trabalhador terceirizado.

Portanto, não resta outra saída para os trabalhadores terceirizados continuarem na luta em defesa de seus salários, direitos, e também em defesa de seus empregos.

Nós, do PSTU, manifestamos todo o nosso apoio à luta dos trabalhadores da Servi-san e de outras empresas. É essencial que outras entidades e movimentos sociais também prestem solidariedade aos trabalhadores que estão em luta.

A luta hoje nas ruas de Teresina se dá justamente em um contexto de ataques aos direitos trabalhistas e previdenciários no país. O pacote de maldades editado pelo governo Dilma/PT (Medidas Provisórias 664 e 665) ataca direitos como o seguro-desemprego, auxílio-doença, pensão por morte, PIS, dentre outros. Além de lutarmos contra estas medidas, é preciso barrar o Projeto de Lei 4330. Tal projeto visa a ampliação das terceirizações e está em tramitação no corrupto Congresso Nacional, casa dominado por grandes empresas que querem mais precarização e exploração da classe trabalhadora.

Direções sindicais vacilantes
Mesmo com o “corpo mole” das direções sindicais (Sindicato dos Vigilantes/CUT e Sindicato dos Trabalhadores do Asseio e Conservação/ Força Sindical), os trabalhadores (as) terceirizados vinham realizando protestos de rua nos últimos dias e agora resolveram paralisar atividades, com todo o apoio da Central Sindical e Popular – CSP Conlutas, que teve papel fundamental na organização dos trabalhadores e trabalhadoras.

Para que fosse realizada uma assembleia geral unificada entre vigilantes e pessoal do asseio e conservação nesta sexta (13), os trabalhadores (as) tiveram que ir até as sedes dos dois sindicatos na última segunda-feira, depois de um protesto em frente a Servi-san para pressionar as direções das entidades para que se posicionassem. Esperamos que pelo menos agora as direções destes sindicatos e respectivas centrais sindicais de fato se envolvam e busquem a mobilização e defesa dos trabalhadores e trabalhadoras terceirizados (as) em greve, sem vacilações diante dos patrões e dos governos.

Todo apoio à luta dos terceirizados no Piauí em defesa dos salários, direitos e empregos!

– Pelo pagamento imediato dos salários e direitos (férias, 13° salário, tíquetes, FGTS)!

– Pela garantia de emprego dos trabalhadores/as!

– Pela readmissão dos trabalhadores/as demitidos/as!