As obras do Rodoanel, cartão de visitas do governo de José Serra em SP, do trecho sul, estão a todo vapor. Operários trabalham 24 horas por dia para atender aos interesses das grandes empresas multinacionais, seja das montadoras do ABC, seja dos centros logísticos da região oeste da Grande São Paulo.

Os acidentes são constantes. Mesmo as CIPAs sendo legais, as empreiteiras não respeitam os cipeiros e fraudam as eleições para estas comissões de base dos trabalhadores.

Os trabalhadores nas obras do Rodoanel fazem parte da base do Sindicato da Construção Pesada e Afins do Estado de São Paulo, filiado à Força Sindical. Esse vinha fazendo vista grossa aos abusos das empresas nas obras. Por exemplo, o reajuste que o sindicato negociou com as empresas na data base estava sendo pago como abono não incorporado aos salários.

Disputa burocrática e oportunista
A CUT, através do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil e Mobiliários do ABC, interveio nas obras com o argumento de que os trabalhadores estavam trabalhando no ABC e, portanto, eram parte de sua base. Usando um argumento justo, que era o não-cumprimento do reajuste que os trabalhadores tinham direito, paralisaram as obras e assim elas ficaram por uma semana.

Mas a Força Sindical não deixou por menos. No segundo dia da greve, invadiu a assembléia dos trabalhadores e, além de quebrar o carro de som da CUT, agrediu vários dos presentes. Mesmo assim, os trabalhadores seguiram parados. Ao final, a CUT negociou o aumento de 9,15% e uma PLR que tem tantas metas que muitos trabalhadores não receberão nada do abono.

Vítimas de representantes sindicais pelegos, os trabalhadores do trecho sul do Rodoanel aguardam para ver se o acordo assinado será mesmo cumprido. Já o sentimento em relação à CUT não é diferente do que se sente com relação ao sindicato da Força: a CUT só interferiu no processo por causa das eleições municipais, em que seu candidato Luiz Marinho disputa diretamente, na cidade, com o candidato do governo Serra, o deputado estadual Orlando Morando, que se autodenomina o “deputado do Rodoanel”.

*Trabalhador das obras do Rodoanel. O nome é fictício para preservar a segurança e o emprego do operário.