A Grécia deve balançar novamente no próximo dia 20 de maio, quinta-feira, quando ocorre uma nova greve geral e uma onda de mobilizações em todo o país contra o plano de cortes e arrocho. Sindicatos de funcionários públicos e privados, liderados respectivamente pelas centrais Adedy e GSEE convocam para esta que vai ser a quinta greve geral no país só este ano. A última ocorreu no dia 5 de maio e levou centenas de milhares de gregos às ruas.

Os principais serviços públicos devem parar, assim como os transportes e os vôos, seguindo uma escalada de mobilizações que acompanham a radicalização do pacote de ajuste fiscal aplicado pelo governo sob a imposição do FMI e União Europeia. A greve se dá apenas dois dias depois que o país recebe a primeira parcela do megapacote do total de 750 bilhões de euros (950 bilhões de dólares) firmados com a UE e o FMI. A primeira parcela, de 14,5 bilhões (vinda dos países europeus), foi liberada nesse dia 18.

Se o valor do empréstimo para rolar a dívida grega é inédito, o pacote de ajuste, cortes e arrocho também não tem precedentes. O governo do “socialista” Georgios Papanderou (do partido Pasouk) se comprometeu a aplicar um brutal arrocho no país que inclui, além da redução dos salários, cortes no orçamento, empregos, aumento nos impostos, uma reforma da Previdência pública no país, com a elevação em dois anos na idade para a aposentadoria (que passaria dos atuais 61 para 63 anos), além da redução no valor dos benefícios.

Tais medidas vêm provocando uma verdadeira convulsão social no país, com mobilizações radicalizadas, que enfrentam a repressão da polícia grega. A gravidade dos ataques e a disposição de resistência dos trabalhadores, porém, vêm até mesmo empurrando as direções burocráticas das principais centrais para a luta. Vale lembrar que tanto a GSEE quanto a Adedy são dirigidas pelo mesmo Pasouk de Papanderou.

Resistência se alastra
As autoridades europeias acompanham com bastante apreensão as mobilizações que se desenvolvem na Grécia. E com razão. O país se converteu nos últimos meses no centro da luta de classes e o exemplo dos trabalhadores gregos será seguido no resto do mundo, principalmente no velho continente, que se vê afundado numa grave crise fiscal com ataques simultâneos dos governos.

Na Espanha, por exemplo, tão logo o governo de Zapatero anunciou seu pacote de cortes nos salários e no Orçamento, os servidores públicos convocaram uma greve geral para 2 de junho. O próximo dia 20 na Grécia será mais um capítulo da resistência que se alastra pela Europa.

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