A Assembléia Nacional da França aprovou, no dia 09 de fevereiro, a flexibilização da semana de trabalho de 35 horas, uma medida que existia para reduzir os índices de desemprego no país. Apesar das férias de quatro semanas terem sido mantidas, os direitos adquiridos foram atacados, pois os trabalhadores podem ser obrigados a ir `estocando-os´ indefinidamente.

O projeto ainda irá passar pelo Senado e novamente pela Assembléia, mas o fato de o governo possuir maioria nesta faz com que os ânimos dos trabalhadores franceses se arrefeçam. Com a mudança, eles temem ter que trabalhar mais horas pelo mesmo salário, pressionados pelo fraco crescimento da economia francesa. As manifestações realizadas pelos franceses nas últimas semanas têm o apoio de 65% da população e tentam impedir que direitos históricos sejam perdidos.

EUROPA – Em matéria publicada no jornal Folha de S. Paulo, em 9 de janeiro, um trecho chama a atenção: “Além da França, outros países, como a Alemanha, reformam suas legislações trabalhistas para tornar o país mais competitivo, já que muitas empresas estão transferindo suas operações para outros países, onde os salários são mais baixos”.

A central francesa CGT pronunciou-se contra as reformas e pretende aproveitar a realização do plebiscito da Constituição Européia, ainda este ano, para debater os ataques aos trabalhadores. Defende uma posição solidária do continente em relação aos países subdesenvolvidos e declarou: “A Europa não precisa da `ditadura do mercado’”.

Ora, tão claro quanto um dia ensolarado, é o abismo para o qual a lógica capitalista encaminha a massa da população. Infelizmente, não são apenas os direitos trabalhistas que estão sendo cerceados. Dia após dia, nos cadernos de cultura, política, meio ambiente ou qualquer outro que seja, o que vemos é a economia da mais-valia passar como um trator por cima dos trabalhadores. À eles, resta lutar contra governos como o de Jacques Chirac, que corta direitos dos franceses enquanto prepara-se para participar da ocupação do Iraque.