Ativistas fazem passeata no Rio
Myriam Pedroso

Nesta quinta-feira, 16 de outubro, estudantes e trabalhadores se encontraram na Candelária, no centro do Rio de Janeiro, para a manifestação da Jornada Latino Americana de luta antiimperialista convocada pelo ELAC. Centenas de manifestantes tomaram as principais ruas do Rio, exigindo que os ricos paguem pela crise econômica que se alastra pelo mundo. A juventude esteve a frente da manifestação, reivindicando também o passe-livre, ampliação e melhorias para as universidades, o fim do Reuni, entre outras bandeiras. O ato convocado pelos DCEs da UFRJ e da UERJ, grêmios estudantis e pela Conlutas, contou com a presença do MST e de diversos setores do movimento social combativo.

Um dia de luta
Pela manhã houve o ato “Mulheres na Luta por Soberania Alimentar”, puxado pelas mulheres do MST e integrado pelo GT de Mulheres da Conlutas. Cerca de 200 pessoas, entre professores, sem-terra, sem-teto e estudantes, fizeram um protesto em frente a uma filial da rede de supermercados Sendas, denunciando a alta dos preços dos alimentos. Em luta pela soberania alimentar, as mulheres trabalhadoras do campo denunciaram a crise econômica e o incentivo do governo ao agronegócio, através do etanol, e a falta de terra para os trabalhadores produzirem alimentos: “O etanol não é comida! A inflação atrapalha nossa vida!”, cantaram.

Pela tarde, a passeata partiu animada. Aos gritos de “Brasil, Bolívia, América central, a classe operária é internacional!” os manifestantes declaravam seu compromisso com as lutas de trabalhadores de todo o mundo. Ao fechar a Avenida Rio Branco, principal centro financeiro da cidade, as falas se centraram na exigência de que a burguesia pague pelos estragos gerados pela crise econômica mundial. “Exigimos que os ricos paguem pela crise que eles mesmos geraram” disse Cyro Garcia, militante da oposição bancária, categoria que se encontra em greve. Depois, a passeata foi até o prédio do MEC, onde estudantes reivindicaram mais verbas para a educação e secundaristas exigiram do governo Lula o passe-livre nacional. Destaque para os estudantes da UERJ presentes no ato, que acabaram de sair de uma vitoriosa ocupação de reitoria, e mostraram que o caminho das conquistas é a luta.

A marcha continuou e fez mais uma parada, dessa vez em frente ao prédio da Vale, grande símbolo das privatizações do governo FHC. Gilmar Mauro, do MST, falou da venda a preço de banana por que a então empresa estatal foi vendida e a posterior enxurrada de denuncias de corrupção por que o leilão passou.

A disposição dos manifestantes continuou e, antes de terminarem o ato, ainda fizeram uma parada em frente ao consulado dos EUA. Mais uma vez trabalhadores e estudantes fizeram questão de lembrar à Bush e ao imperialismo que não pagarão a conta da crise econômica. Os representantes do Comitê de Solidariedade ao Povo Palestino lembraram ainda a agressão imperialista sobre o Iraque, a agressão sionista ao povo palestino, apoiada pelos Estados Unidos, e ainda o papel lamentável do Brasil na ocupação militar no Haiti.

O dia de intensa luta encerrou-se nas escadarias da Assembléia Legislativa, onde estudantes de Niterói e do Rio exigiram do governador Sérgio Cabral e dos deputados estaduais a garantia do passe-livre interestadual.

Categorias em luta
As diversas categorias que estão em luta participaram ativamente dos protestos desta quinta-feira. A greve dos bancários foi lembrada diversas vezes ao longo da passeata, que passou em frente a diversos bancos empastelados com os cartazes de “Estamos em Greve”.

Destaque também para os servidores da Justiça estadual, que também estão em greve. A passeata, ao chegar às escadarias da Assembléia Legislativa, encontrou o acampamento dos serventuários que exigem reajuste salarial do governo Sérgio Cabral.