Assembléias dos trabalhadores da ECT (Empresa de Correios e Telégrafos) realizadas em todo o país no último dia 4 de setembro deliberaram estado de greve e indicativo de paralisação por tempo indeterminado a partir do dia 12. A greve foi a única solução encontrada pelos funcionários para se contrapor à intransigência da direção da empresa nas negociações da campanha salarial.

Reivindicações
Os trabalhadores dos Correios lutam por 47,77% de reposição salarial. O índice se refere à soma das perdas acumuladas no período de 1994 a 2006, de 40,85%, e a estimativa de inflação entre agosto do ano passado até julho deste ano, de 4,91%. Os percentuais foram calculados pelo Dieese.

No entanto, a empresa ofereceu reajuste de apenas 3,74%, que foi rejeitado pela categoria. Os funcionários também reivindicam aumento real único de R$ 200 para todos. Além disso, fazem parte da campanha salarial a luta por periculosidade, implantação do PCCS (Plano de Cargos, Carreira e Salários), abertura de novas contratações e melhores condições de trabalho, segurança nas agências e licença-maternidade de seis meses.

Radicalização atropela governistas
A indignação provocada pela proposta da direção da empresa, assim como os salários defasados e as péssimas condições de trabalho, radicalizaram o movimento. Isso impediu que até mesmo as direções governistas (Articulação, do PT e CSC, do PC do B) defendessem a proposta da empresa. Tais direções não conseguiram nem mesmo controlar suas bases, a exemplo do dia 23 de agosto, dia nacional de paralisação da categoria.

O desgaste do governo Lula na categoria também aprofunda o desgaste dessas direções no movimento, impedindo o bloqueio das lutas. Foi desta forma que, no último dia 5, as assembléias fossem bem representativas, apontando greve. Em São Paulo, por exemplo, a direção do sindicato não conseguiu impedir que a oposição falasse no carro de som durante a assembléia.

O PCO, partido com discurso ultra-esquerdista mas prática à direita, está se desmascarando nessa campanha salarial. Além de defender a CUT, o partido é contra a greve, taxando os trabalhadores de irresponsáveis e dizendo que essa é uma “greve suicida”.

Greve pela base
A Conlutas está na linha de frente das mobilizações, chamando a unidade dos setores de luta na organização da greve nacional. Os sindicatos e ativistas da Coordenação Nacional de Lutas nos estados defendem a deflagração de uma forte greve, com um Comando eleito na base, a fim de impor a negociação à empresa.

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