O protesto é parte da campanha salarial da categoria, contra a proposta da empresa de reajuste de 3,74%Para protestar contra a sobrecarga de serviço e exigir melhoria das condições de trabalho e contratação de funcionários, os trabalhadores nos Correios decidiram realizar, na última quinta-feira, 23 de agosto, um dia nacional de lutas com paralisações em todo o Brasil, como parte da campanha salarial da categoria. Os ecetistas também protestam contra a proposta de reajuste salarial da empresa, de 3,74%. A reivindicação da categoria é por 47,77%.

O resultado do dia de paralisações é bastante vitorioso, pois 12 sindicatos paralisaram suas bases por 24 horas: Amazonas, Bahia, Ceará, Pará, Paraíba, Piauí, Paraná, Rondônia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e São José dos Campos. Ocorreram paralisações parciais por todo o país, desorganizando totalmente o tráfego postal e telegráfico.

Este dia de luta vitorioso servirá para dar uma sacudida na campanha salarial da categoria, que tem como eixos principais o reajuste salarial de 47,77%, o aumento real de R$ 200,00 incorporados aos salários, a implantação do PCCS dos Trabalhadores, melhores condições de trabalho com contratação de funcionários e defesa dos direitos trabalhistas com participação no plebiscito pela reestatização da Vale do Rio Doce.

Precarização do trabalho nos Correios
O Sintcom do Paraná fez um levantamento sobre os salários pagos pelas empresas estatais federais. Conforme dados obtidos na página do Departamento de Coordenação e Controle das Empresas Estatais (Dest), órgão vinculado ao Ministério do Planejamento, a ECT é, disparado, a empresa que paga os piores salários. O salário nos Correios é o menor entre as empresas públicas federais.

A remuneração média nos Correios é 12,8 vezes menor que no BNDES, 4,6 vezes menor que a da Eletrobras, 3,7 vezes menor que a da Petrobras. Os dados são relativos a 2004. Mesmo a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, que têm um alto número de funcionários – 58,6 mil e 81,1 mil, respectivamente – têm salários bem maiores. A Caixa paga mais que o triplo do que pagam os Correios. O Banco do Brasil, mais que o dobro.

Até quando vamos conviver com tamanha disparidade? Isso sem contar com o fato de que o abismo salarial dentro dos Correios – entre os maiores e os menores salários – faz com que aumente a média salarial do conjunto dos trabalhadores da empresa.

A maioria dos trabalhadores dos Correios recebe menos de R$ 800 por mês. Conforme tabela do efetivo, datada do último mês de março, 24,9 mil trabalhadores dos Correios estão na RS (referência salarial) 16, que corresponde a um salário de R$ 737,39. Abaixo desse valor, entre a RS 9 (R$ 524,04) e a RS 15 (R$ 702,27), há 23,5 mil trabalhadores. Outros 7,7 mil estão na RS 17 (R$ 774,25). No total, cerca de 56 mil trabalhadores recebem menos de R$ 800 de salário.

Reivindicações
Estamos lutando por uma reposição salarial de 47,77%. O índice se refere à soma das perdas acumuladas no período de 1994 a 2006 (40,85%) e da estimativa de inflação entre agosto do ano passado e julho deste ano (4,91%). Os percentuais foram calculados pelo Dieese.

Também reivindicamos um aumento real único de R$ 200 para todos os trabalhadores da empresa. Esta proposta, aprovada no último Conrep, foi apresentada pelos delegados do Paraná presentes ao encontro.

O aumento real fixado num valor único faz com que o seu impacto seja maior para os trabalhadores com menores salários. Trata-se de uma questão de justiça que faz diminuir a distância entre os maiores e menores salários.

Também fazem parte dos eixos da campanha salarial as lutas por periculosidade, pela implantação imediata do PCCS, por contratações e melhores condições de trabalho, por segurança nas agências e pela licença-maternidade de 6 meses.

Trabalhadores dos correios atropela direção governista
A campanha salarial estava morna. A razão para isso era o fato da maioria das direções sindicais do movimento, ligadas à CUT (Articulação/PT e CSC/PCdoB), que apóiam o governo Lula, estarem fazendo “corpo mole”. Estas direções sindicais estão buscando, de todas as maneiras, negociar um acordo rebaixado com a direção da empresa com alguma concessão que possa dividir a base na mobilização.

Com a paralisação, a categoria deu uma demonstração explícita de que existem todas as condições de suplantar estas direções e fazer uma grande greve no dia 12 de setembro para derrotar o governo e a direção dos Correios. O próximo passo é organizar uma mobilização em Brasília nos dias 28 e 29 de agosto, como parte da preparação da greve nacional dos trabalhadores nos Correios.