Greve de Correios em 2011

 
Os trabalhadores dos Correios preparam uma forte mobilização para o mês de setembro. É a resposta da categoria aos ataques que vem sofrendo no último período. O governo de Dilma Rousseff (PT), junto com a direção da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), vem impondo uma superexploração. No último período, a empresa vem batendo lucros recordes, enquanto o salário da categoria e a PLR são uma migalha perto desses lucros. O salário inicial do trabalhador de correios é de R$ 1.050.
 
Os trabalhadores da ECT, “nunca antes na história desse país”, foram tão explorados. A falta de funcionários, que muitas vezes são obrigados a fazer serviço de duas ou três pessoas, o que é conhecido na categoria como “dobra”, virou regra. Além da sobrecarga, os trabalhadores vêm adoecendo em massa. Os trabalhadores estão adquirindo lesões físicas e psicológicas. Muitos têm lesões irreversíveis e são obrigados a se reabilitarem.
 
A falta de funcionários, além de sobrecarregar os trabalhadores, acaba impactando diretamente a qualidade da entrega, em especial na periferia. O resultado disso é que, muitas vezes, a população de uma região se volta contra os trabalhadores de Correios, responsabilizado-os pelo atraso das correspondências. Por isso, uma das reivindicações dos trabalhadores é concurso público para suprir as vagas em aberto.
 
O governo Dilma vem sucateando a empresa com objetivo de jogar a população contra os trabalhadores, preparando o terreno para privatização da ECT. O governo do PT vem fazendo coisas que nem FHC conseguiu fazer. Recentemente, lançou um documento chamado “Correios 2020” que prepara a privatização da ECT passo a passo. Iniciou transformando a empresa em Sociedade Anônima (S.A.) e fazendo avançar a terceirização de serviços essenciais.
 
Por isso, a categoria de Correios inicia fortes mobilizações em todo o país para construir uma forte campanha salarial. Assim como a juventude saiu às ruas e disse “não é apenas por 20 centavos”, os trabalhadores da ECT se preparam para a campanha salarial com o sentimento de que “não é apenas por salário”, mas uma resposta a direção da ECT e ao governo Dilma depois de duros ataques.
 
É preciso barrar o Postal Saúde
O maior ataque que a categoria pode sofrer nesse período é a privatização do plano de saúde. Umas das empresas em os trabalhadores mais adoecem quer atacar esse direito da categoria. Recentemente, a empresa lançou uma subsidiária na área da saúde, mais conhecida como Postal Saúde.
 
Atuamente, os trabalhadores dos Correios têm o Plano Correios Saúde, que é um plano que atende os dependentes dos trabalhadores sem cobrança de mensalidades. O trabalhador só paga uma porcentagem do procedimento quando o usa. No novo plano, estão previstas cobranças de mensalidades, não inclusão de parte dos dependentes e participação público-privada. É a privatização disfarçada, assim como vem ocorrendo em outras áreas da empresa.
 
Por isso, é necessário barrar o Postal Saúde, que representa um duro ataque a um direito histórico. A luta contra esse novo plano, na essência, significa a luta contra a privatização da ECT, que vem sendo feita aos pedaços pelo PT.
 
É inadmissível que o governo venha entregar parte do patrimônio dos trabalhadores ecetistas aos tubarões dos planos de saúde, que enriquecem à custa de serviços, muitas vezes, de péssima qualidade.
 
Por que entraremos de greve no dia 11
Existe um importante debate na categoria acerca de que dia será declarada a greve. Hoje existem duas federações que travam uma luta por aparato e deixam os trabalhadores em segundo plano. Uma é a Fentect (CUT), e a outra é a Findect (CTB). Ambas são governistas, não mobilizam a categoria e se encontram numa guerra para ver que tem mais legitimidade. O resultado disso é que iniciamos a campanha salarial com pautas, comando e inclusive datas diferentes.
 
Nós sempre defendemos calendário, mesa e comando único, pois apesar das diferenças, é preciso unificar a categoria para barrar os ataques que os trabalhadores vêm sofrendo. Porém estamos às vésperas do início da deflagração de greve com duas datas diferentes de paralisação: dia 11 e 17. Nesse sentido, é necessário tomar uma decisão, e hoje não se pode tomar a decisão pelo critério de qual federação é mais de luta.
 
Ambas federações não constroem a luta dos trabalhadores. As duas são governistas e pelegas. A Fentect, sob nova direção, continua sendo um “cadáver mal cheiroso” que esse ano não organizou luta alguma pela PLR e contra o Postal Saúde. E a Findect, que era para ser supostamente algo novo, é tão ou mais burocrática quanto a Fentect.
 
Por isso, defendemos dois critérios essenciais para entrar em greve no dia 11. O primeiro tem a ver com entrarmos em greve junto com os sindicatos que concentram o maior volume de fluxo postal, SP e RJ, dirigidos pela Findect. O segundo motivo é porque a categoria não aguenta mais trabalhar sob as atuais condições. É necessário dar uma resposta imediata aos ataques que a categoria vem sofrendo e principalmente a essa proposta ridícula que a empresa apresentou, de 5,25%.
 
Originalmente, defendíamos a proposta de entrar em greve já em agosto, para juntar a campanha salarial às greves nacionais e às grandes mobilizações de junho-julho. Por isso, entraremos em greve dia 11 e fazemos um chamado aos trabalhadores de todo o país a entrar em greve esse dia.
 
É preciso construir a unidade nacional para conseguir um reajuste decente e que conquistemos melhores condições de trabalho. Também achamos que os trabalhadores devem dar uma batalha à morte para barrar o Postal Saúde e pra reverter o processo de privatização que a ECT vem sofrendo.
 
Só com a unidade nacional é possível avançar. As palavras do compositor Geraldo Vandré nunca foram tão atuais: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.