Os trabalhadores dos Correios, em assembléias realizadas em todo o país no dia 5, aprovaram o dia 14 de setembro como data indicativa para a deflagração da greve da categoria por tempo indeterminado. Apesar dos sucessivos lucros dos Correios, os trabalhadores convivem com arrocho, condições precárias de serviço e, agora, ataques aos seus direitos. Durante a última rodada de negociações, os trabalhadores rejeitaram proposta da empresa que, além de não contemplar sequer parte das reivindicações, ainda retirava direitos.

Os funcionários dos Correios amargam um dos mais baixos pisos salariais das estatais, de míseros R$ 479. Apesar das perdas salariais que chegam a 45% no período que vai de 1994 a 2005, a EBCT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) propõe um reajuste de apenas 5%. Como se isso não bastasse, a proposta da direção dos Correios nas negociações com os trabalhadores ataca direitos já conquistados pela categoria, elevando, por exemplo, o compartilhamento da assistência médica em mais de 50%. A empresa quer ainda diminuir o período de concessão do auxílio creche de sete para seis anos, além de diversos outros ataques.

“Hoje um trabalhador, ao ser admitido nos Correios, recebe um salário base de R$ 479. Com a efetuação dos descontos, a situação é ainda pior e os trabalhadores chegam a receber pouco mais de um salário mínimo. Somado a isso, são péssimas as condições de trabalho e segurança a que são submetidos os carteiros, atendentes comerciais, operadores de triagem e transbordo”, afirma carta aberta à população divulgada pelo Sintect-PE (Sindicato dos Trabalhadores da Empresa de Correios e Telégrafos em Pernambuco), que se desfiliou da CUT e participa da Conlutas.

eração na contramão
Apesar das propostas absurdas da empresa, a direção majoritária da Federação Nacional dos Trabalhadores da ECT, a Fentec, dominada pela Articulação e pelo PCdoB, tenta de toda forma desmobilizar os trabalhadores e impedir uma greve que prejudique a campanha eleitoral de Lula.

“Essas direções procuram todos os meios de frear as mobilizações”, denuncia Hálisson Tenório, diretor do Sintect-PE. “Tentam impedir as mobilizações para, às vésperas da greve, costurarem uma proposta rebaixada que ao menos divida a categoria”, afirma. Nos principais sindicatos que dirigem, em São Paulo (Articulação) e Rio de Janeiro (PCdoB), estados que concentram boa parte da categoria, boicotam a campanha salarial e não mobilizam os trabalhadores.

Apesar disso, os funcionários dos Correios vêm demonstrando que não se deixarão enrolar por essas direções. No dia 5, em São Paulo, apesar de o sindicato não mover uma palha para convocar a assembléia, cerca de 800 trabalhadores enfrentaram um frio de oito graus para deliberarem o indicativo de greve. Na assembléia, a Conlutas denunciou a política do sindicato, chamando a mobilização de base dos trabalhadores.

*Com Ezequiel Filho, de São Paulo
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