Justiça já concedeu reintegração de posse e PM pode agir a qualquer momento

Quem imaginava que as mobilizações radicalizadas terminariam com a repressão promovida no dia 18 de julho, quando estudantes ocuparam a Câmara Municipal de Natal e foram retirados à força pelas guardas municipal e legislativa, se enganou. O Palácio Felipe Camarão, sede da Prefeitura de Natal, encontra-se desde o dia 24 tomado pelos trabalhadores do transporte alternativo da cidade, numa demonstração de que a cidade vive um novo momento marcado por fortes lutas que estão, inclusive, questionando as principais instituições

Numa ação organizada, o SITOPARN (sindicato que organiza os trabalhadores dos transportes alternativos) ocupou o prédio da prefeitura às 9h da manhã e, imediatamente, tomou o controle de todas as salas e dependências, cujo acesso só é possível com autorização do sindicato. Os trabalhadores permitiram a entrada da imprensa nesse dia 25, como forma de mostrar o caráter organizado do movimento e também repercutir as reivindicações da categoria. Várias entidades de trabalhadores, dos movimentos sociais e também alguns vereadores da cidade, entre eles Amanda Gurgel (PSTU),  também estão na ocupação prestando apoio solidariedade.

A categoria decidiu ocupar a prefeitura depois de perder a paciência com o prefeito Carlos Eduardo (PDT), que tem se negado sistematicamente a atender as reivindicações da categoria. O sindicato dos alternativos chegou a enviar 17 ofícios ao prefeito exigindo uma reunião, porém nunca foram atendidos. Agora, afirmam que só desocupam o prédio da prefeitura após serem atendidas as suas reivindicações: bilhetagem única (que atualmente é restrita aos grandes empresários do transporte); redução do preço da tarifa de transporte para R$ 2; e o retorno do projeto de licitação para Executivo Municipal, para que se abra um amplo debate com a população sobre um projeto de mobilidade urbana para a cidade.

Diante da ocupação, porém, o governo Carlos Eduardo já mostrou que está completamente a serviço dos grandes empresários do transporte. O Executivo Municipal, ao tomar conhecimento do movimento, manteve sua postura intransigente de não negociar e requisitou judicialmente uma reintegração de posse, que foi imediatamente concedida. A qualquer momento, a Polícia Militar poderá chegar ao local da ocupação e executar a retirada dos manifestantes.

Neste momento, o SITOPARN está organizando a resistência para manter viva a ocupação e evitar um massacre da polícia. Ao mesmo tempo, está sendo chamada a solidariedade de todas as entidades dos movimentos sociais, que culminará num ato às 16h, momento em que a PM já sinalizou que irá executar a reintegração de posse. É muito importante que todo o movimento se solidarize com a luta dos trabalhadores do transporte alternativo. É a única maneira de manter o movimento vivo e fortalecido, para derrotar a intransigência do Governo Carlos Eduardo.