Os trabalhadores da GM de São José dos Campos fizeram, na manhã desta terça-feira, dia 13, uma paralisação na entrada do 1º turno em protesto às 802 demissões anunciadas pela montadora nos últimos dias. Os metalúrgicos pararam a produção em uma hora, tanto no setor do MVA quanto na S-10, numa atividade que é a primeira de uma denominada “escalada de mobilizações” contra as demissões.

Os metalúrgicos aprovaram por unanimidade a exigência de que a empresa readmita os trabalhadores dispensados e conceda estabilidade no emprego a todos. Os trabalhadores ainda reivindicaram a atuação dos governos federal, estadual e municipal contra as demissões e em favor dos empregos dos metalúrgicos.

O Sindicato buscará negociar com a empresa o mais rápido possível. Uma nova assembléia com os trabalhadores do 2º turno deverá ocorrer ainda nesta terça-feira, por volta das 14 horas, no pátio da S-10 (portão 4).

Demissões
Nesta segunda-feira, em reunião com a direção do Sindicato, a montadora anunciou que demitirá 744 trabalhadores que têm contratos por prazo determinado ainda a vencer. Na última sexta, a empresa já havia dispensado 58 trabalhadores que tiveram o contrato encerrado naquele dia.

“É um absurdo que os empresários queiram que os trabalhadores paguem pelo preço de uma crise que não foram eles que criaram. Vamos à resistência e cobrar das autoridades uma atitude, porque, até agora, eles não fizeram nada em defesa do emprego”, destacou o diretor do Sindicato Vivaldo Moreira Araújo.

O Sindicato deve fazer novos pedidos de audiências com os governos federal, estadual e municipal para cobrar providências. Cartas estão sendo enviadas, desde o mês de novembro do ano passado, mas até o momento não houve nenhuma resposta.

O secretário-geral do Sindicato, Luiz Carlos Prates, o Mancha, cobrou do presidente Lula uma postura firme. “Não dá para aceitar que o governo Lula dê bilhões de reais às montadoras e deixe os trabalhadores pagarem pela crise com demissões. Mais do que palavras, precisamos de ações concretas do governo federal”, afirmou.

Segundo o dirigente sindical, a intenção é a de mobilizar toda a população contra as demissões. “Cada demissão em uma montadora, representa outras quatro na cadeia produtiva, ou seja, todos serão afetados com elas”, afirmou.

O Sindicato também já articula uma campanha unificada com outros sindicatos em defesa do emprego dos trabalhadores e contra os ataques patronais diante da crise econômica.

Demissões poderiam ser evitadas
Para o Sindicato dos Metalúrgicos, a GM não precisaria demitir estes 800 trabalhadores. “Eles lucraram muito nos últimos anos e têm condições de manter os empregos. O que estamos assistindo é mais uma demonstração da ganância dos empresários”, disse Vivaldo.

Segundo o Sindicato, outra medida que poderia evitar os cortes em massa seria um decreto do governo que concedesse estabilidade no emprego aos trabalhadores e reduzisse a jornada de trabalho para 36 horas semanais, sem redução salarial e sem Banco de Horas. O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos é filiado à Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas).