Plenária nacional da categoria prepara campanha contra privatização e por PLRDe 27 a 29 de abril, os trabalhadores dos Correios realizaram uma plenária nacional da Fentect (federação nacional dos trabalhadores dos Correios) em que aprovaram uma campanha contra o projeto da empresa Correios S/A e também indicaram uma greve pela participação nos lucros.

No ponto sobre a reestruturação da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos), a maioria da direção da Fentect contratou uma assessoria que não acrescentou nada ao debate e não armou os trabalhadores para combater a privatização, diferentemente dos seminários de que o Ilaese (Instituto Latino-Americano de Estudos Sócio-Econômicos) participou.

Esses seminários serviram para entender a manobra do governo com o relatório do GTI (grupo de trabalho interministerial) e geraram uma cartilha organizada pelo sindicato de São José do Rio Preto (SP) desmascarando a verdadeira intenção do projeto do governo. Com o projeto Correios S/A, sob a fachada de “modernização e reestruturação”, o que vai ocorrer é um avanço na privatização da empresa.

Os governistas da CTB e da Articulação/CUT, que defendiam o projeto abertamente, recuaram e passaram a dizer que são contra o projeto. Esta mudança deve-se à Conlutas, aos sindicatos e oposições sindicais que fazem parte da frente nacional de oposição à maioria da Fentect. A campanha da oposição nas bases contra a privatização da empresa, combinada com a pressão da categoria, os obrigou a dizerem que são contra. Apesar de terem votado contra o projeto, nas suas intervenções, apoiados nos parlamentares governistas, afirmavam que é preciso modernizar os Correios para enfrentar a concorrência.

Vicentinho ataca militante do PSTU
Os deputados Vicentinho (PT-SP), Nelson Pelegrini (PT-BA) e Daniel Almeida (PCdoB-BA) fizeram defesas na mesma linha. Vicentinho chegou a ficar irritado com alguns delegados da plenária. Estes cobravam dele que exigisse do governo Lula não encaminhar ao Congresso a medida provisória que o ex-ministro Hélio Costa deixou pronta antes de sair do Ministério das Comunicações.

Numa falta de respeito com os trabalhadores, o deputado petista atacou uma militante histórica da categoria, a companheira Maria Alves, da Conlutas e do PSTU, que representava o sindicato dos Correios de Pernambuco, chamando-lhe de pelega.

Esse é o papel vergonhoso do verdadeiro pelego Vicentinho, que já quando presidente da CUT abria mãos de direitos dos trabalhadores, como na reforma da Previdência de FHC. Exigimos do mesmo uma retratação pública por atacar de forma vergonhosa uma militante que ele nem conhece. Na assembleia de Pernambuco, foi aprovada uma moção de repúdio ao deputado.

Paralisação
Outra deliberação importante aprovada na plenária nacional foi o calendário de luta que aponta o 26 de maio como um dia nacional de paralisação da categoria pelo pagamento da PLR e contra as péssimas condições de trabalho, além de exigir que seja aberto concurso público imediatamente.

Frente nacional de sindicatos da oposição se fortalece
Apesar de a maioria governista ter conseguido ganhar algumas das votações, como a manutenção do acordo bianual, o fato político mais importante, além da vitória contra o Correios S/A e da luta pela PLR, foi a consolidação da oposição à maioria da federação governista, que reuniu em torno de 44% da plenária.

Esse bloco atuou com a maioria das votações, confeccionou uma camisa contra o Correios S/A, distribuiu 300 cartilhas sobre o projeto e serviu de atração para delegados de outros estados como Bahia, Santa Catarina, Pará e Alagoas.

Considerando que três sindicatos que fazem parte da frente estiveram ausentes (RS, SE e SJO), a plenária mostrou a força da oposição e a possibilidade de derrotar os governistas no Conrep (conselho de representantes) marcado para a segunda quinzena de junho, e impor a campanha salarial para este ano.

Outro fator da reorganização no setor será a participação da delegação de vários estados da categoria no congresso da Conlutas e no Conclat.

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