Mobilizações na Espanha no último dia 11 levaram meio milhão às ruas

Portugal e Espanha realizarão mais uma jornada de lutas contra os planos de austeridade aplicados pelos governos e exigidos pela chamada “Troika” (FMI, Banco Central Europeu, e Comissão Europeia).Em Portugal, a greve está marcada para o próximo dia 22 de março. O maior objetivo é barrar os novos ataques do governo direitista de Pedro Passos Coelho. Recentemente, o governo português anunciou sua intenção em implementar um vasto programa de privatizações, além de uma reforma na legislação trabalhista que facilite as demissões em favor dos empresários.

No passado, a “Troika”, por meio do governo social-democrata de José Sócrates, implementou planos de austeridades que estão levando Portugal para o caminho da catástrofe social grega. A previsão é que o país enfrente neste ano uma recessão de 3,3%. Os planos de austeridade também produziram um aumento brutal do desemprego, da precariedade e fez explodir as desigualdades sociais no país. Hoje, mais de um milhão de trabalhadores estão desempregados (14,5% da população). Na juventude, o desemprego é ainda maior e atinge 35% dos jovens. A crise também provocou um rápido empobrecimento dos trabalhadores. Mais de 25% da população encontra-se abaixo da linha da pobreza. Portanto, há razões de sobra para a revolta e para uma greve geral no país.

“É preciso parar o roubo e suspender o pagamento da dívida e lutarmos por um novo 25 de Abril que possibilite o emprego para todos (recordemos que entre 1975 e 1977 criaram-se um milhão e meio de empregos que absorveram os que regressaram das ex-colônias e da emigração), o investimento nos serviços públicos (saúde, educação) e uma distribuição da riqueza com salários e pensões dignas numa economia em que os bens de todos sejam de todos Água/Energia/EDP/Galp, transportes/telecomunicações/estradas, banca e seguros, devem ser sectores nacionalizados)”, defende o Movimento ao Socialismo (MAS), partido ligado à LIT-QI e recentemente fundado em Portugal.

Espanha vai à luta
Na Espanha a luta contra os ataques também se fortalece. Recentemente, mais um plano de reforma trabalhista foi proposto pelo governo de direita de Mariano Rajoy. Pela proposta, que se encontra em discussão no Parlamento, as leis trabalhistas seriam modificadas para favorecer os grandes empresários. As medidas permitem, por exemplo, que as empresas espanholas refaçam acordos coletivos, tenham mais flexibilidade para ajustar horários de trabalho e os salários dos trabalhadores, além de baratear as demissões eliminando multas e indenizações.

Essa já é a terceira reforma trabalhista apresentada pelo governo espanhol. Outras duas já tinham sido aplicadas pelo governo social-democrata de Luis Zapatero. Como em Portugal, os planos de austeridade no país só ajudam os grandes empresários e banqueiros, aprofundando as desigualdades sociais e o desemprego. O índice de desemprego no país é de alarmantes 22,85%, um dos maiores de toda a Europa.
Portanto, motivos não faltam para os trabalhadores espanhóis saírem às ruas. As principais centrais sindicais do país estão convocando uma nova Greve Geral para o dia 29 de março, uma semana depois da greve portuguesa.

A greve também expressa uma crescente mobilização sociais no país. Manifestações ocorrem praticamente todas as semanas na Espanha. No último dia 11, mais de meio milhão de espanhóis saíram às ruas em mais de 60 cidades. Segundo os sindicatos, 450 mil manifestantes saíram às ruas de Barcelona; 80 mil em Gijón; 70 mil em Sevilha; 50 mil em Málaga; 35 mil em Valência; 30 mil em Murcia; 25 mil em Córdoba e 20 mil em Alicante.

Neste momento, apoiar as greves dos trabalhadores de Portugal e Espanha é fundamental. Mas é preciso avançar. As mobilizações mostram que em ambos os países já pode haver condições de uma greve por tempo indeterminado, que possa derrotar definitivamente os planos da “Troika”. Já seria possível realizar ações comuns, como uma grande mobilização simultânea de todos os trabalhadores da Península Ibérica. O grande obstáculo para isso, porém, são as direções das principais centrais sindicais do país, que impendem uma maior articulação das lutas do conjunto dos trabalhadores europeus. Uma greve geral unificada em todo o continente é o único caminho para impor a vontade do povo, que os governos e os parlamentos nunca respeitaram.