Os trabalhadores da educação estão se mobilizando pelo País contra o arrocho salarial e o sucateamento do ensino público. Tanto no ensino municipal quanto no estadual, os problemas são os mesmos: o avanço da privatização e a terceirização que ameaçam milhares de empregos.

Trabalhadores de São Paulo mantêm greve
Os trabalhadores da educação da capital paulista estão em greve desde o dia 28 de março. A greve vem se mantendo à revelia da direção majoritária do sindicato e já é uma das maiores da história da categoria. Isso ocorre apesar das manobras da direção do sindicato e da falta de infra-estrutura para apoiar os comandos de greve.

A principal reivindicação é o fim do projeto “São Paulo é uma Escola”. Além de causar diversos problemas, como superlotação das escolas, o projeto aprofunda a privatização e terceirização do ensino. Para pôr o projeto em prática, o prefeito José Serra (PSDB) repassa cerca de R$ 1 milhão por mês para universidades privadas que “sublocam” estagiários com bolsas de R$ 300 mensais. Além disso, há ainda a terceirização de funcionários e a entrada de ONG’s nas escolas que contratam pessoal sem direitos trabalhistas.

Os 75 mil trabalhadores da educação também reivindicam reajuste, fim da terceirização do quadro de apoio (merendeiras, faxineiros, agentes escolares), saída imediata das ONG’s das escolas e abertura de concursos para todos os cargos. No dia 7, os servidores realizaram uma grande manifestação na avenida Paulista, partindo em uma passeata que chegou a reunir quase 10 mil pessoas.

Porto Alegre: luta arranca conquista
Mais de 3 mil professores gaúchos se reuniram em assembléia no dia 7 de abril e encerraram a greve no Estado, que durou 36 dias. O clima na assembléia era de bastante confiança e otimismo. Em meio às bandeiras da Conlutas, também via-se o adesivo da Coordenação, que dizia: “Eu já sabia, só com luta se conquista”.

Os professores conquistaram reajuste parcelado de 8,57%, pagamento de promoções atrasadas, além da revogação das demissões de quatro professores.

A mobilização contou com uma greve de fome com 20 trabalhadores, 3 deles da corrente Democracia e Luta – Oposição ao CPERS, ligado à Conlutas. “Só a luta muda a vida. Lula foi a última frustração. Nossa resposta foi e será a greve para defender nossos direitos e derrotar os governos”, afirmou Regis, militante da Democracia e Luta.

Estado de greve em SC
No dia 30 de março, mais de 2.500 trabalhadores em educação de Santa Catarina reuniram-se em uma assembléia estadual e aprovaram estado de greve quase por unanimidade.

O estado de greve prossegue até o dia 26 de abril, dia de paralisação das escolas, quando será realizada outra assembléia estadual para votar o indicativo de greve. Os trabalhadores reivindicam piso igual ao dos demais servidores do Estado, eleição direta para diretor, plano de saúde e defesa dos empregos de serventes, vigias e merendeiras, ameaçados de terceirização.

No dia 7, mais de 2 mil trabalhadores realizaram um dos maiores, se não o maior ato de rua de Florianópolis desde a Revolta da Catraca, em 2005.

Em Natal, direção trai categoria
A teimosia da prefeitura de Natal (RN) levou novamente os professores da rede municipal à greve. Enquanto os trabalhadores reivindicam 62% de reajuste, o prefeito apresentou, em audiência com o Poder Judiciário, uma proposta irrisória de R$ 70 em abril e R$ 20 em outubro. Essa proposta representa uma verdadeira provocação, revelando a teimosia do prefeito Carlos Eduardo (PSB) e sua secretária de Educação, Justina Iva, apoiada pelo PT e PCdoB. Embora tenham suspendido a greve de 37 dias, os servidores retomaram o movimento, passando por cima de sua direção sindical e elegendo comandos de base.

Mas a direção do sindicato (PT e PCdoB) traiu a categoria e fez de tudo para terminar com a greve na assembléia do dia 4 de abril. Há tempos os pelegos tentavam pôr fim à greve, mas a base vinha derrotando. Mas nessa última assembléia não foi possível manter o movimento. Eles fizeram uma votação secreta, trouxeram caravanas do interior e permitiram apenas três falas. Assim, conseguiram vencer por 23 votos.
A categoria está revoltada, muitos perguntam como tirar essa direção. Reuniões para organizar a oposição estão sendo chamadas. As eleições do sindicato serão no dia 10 de junho.

*Colaboraram Luciana Candido, de Porto Alegre (RS); Lene Lobo, de São Paulo; Luiz Carlos Pustiglione, de Florianópolis (SC) e Nando Poeta (RN). Veja a cobertura completa das greves no Portal do PSTU
Post author Da redação*
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