Desde às 6h da manhã de hoje, a produção da Mina de Casa de Pedra, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), na cidade de Congonhas (MG), está interrompida. A paralisação foi votada por cerca de 900 trabalhadores, em escrutínio secreto, por 95% dos trabalhadores dos turnos da madrugada, diurno e administrativo.

Os trabalhadores, em greve, seguem acampados na Estação de Transbordo da CSN, aguardando a chegada dos colegas dos outros turnos de trabalho, que também devem aderir à paralisação. Segundo o presidente do Sindicato Metabase Inconfidentes, Valério Vieira, a paralisação é a resposta dos trabalhadores ao endurecimento da CSN nas negociações da PLR.

“Além de propor um valor irrisório, que não chega a dois salários base, a empresa ainda tem a cara de pau de descriminar alguns trabalhadores, como o pessoal do setor de manutenção, cuja proposta é de apenas 1,34 salário a título de participação nos resultados”, disse.

As condições de trabalho na mina são péssimas. Quatro trabalhadores morreram em acidentes de trabalho nos últimos dois anos.

A empresa está aplicando um agressivo plano de expansão e investimentos da ordem de R$ 12,5 bilhões. Adquiriu novas minas, como a Namisa, e está abrindo uma siderúrgica na região.

O resultado desse processo é a imposição de uma maior exploração sobre os trabalhadores, com trabalho em ritmo intenso e muitas horas-extras, pois não há contratação de trabalhadores na quantidade necessária.

Esta é a primeira paralisação geral realizada na empresa desde 1989. A direção da greve está a cargo da nova diretoria do Sindicato, filiado à Conlutas, eleita no final de 2009.

Segundo Romildo Coelho, diretor do Sindicato e trabalhador da CSN, “no ano passado, cada trabalhador da CSN produziu, individualmente, mais de um milhão de reais para a Companhia. Em apenas quatro horas de trabalho, um trabalhador gera para a empresa o equivalente a todo um mês de salário”.

Essa situação levou à revolta e à paralisação do dia de hoje, decidida na noite de ontem em assembleia realizada no Sindicato e referendada em votação secreta na entrada dos turnos. Apenas 26 trabalhadores se posicionaram contra a greve.