Desabamento de prédio no dia 29 de janeiro matou 3 pessoas, sendo 2 operáriosEm protesto, os trabalhadores da construção civil fecharam as duas pistas da travessa Quintino Bocaiúva, na manhã desse dia 31. O protesto faz parte de uma série de manifestações realizadas após o desabamento do prédio Real Class.

Os protestos começaram cedo, por volta das 8h. Operários de várias obras de Belém seguiram em passeata até a sede do sindicato da categoria onde foi decidido, em assembleia geral, pela entrega da pauta de reivindicações aos empresários do setor. De lá eles seguiram até a sede da Fiepa (Federação das Indústrias do Pará), onde interditaram a pista.

Os operários exigiram uma reunião com representantes do Sinduscon (Sindicato das Indústrias da Construção Civil) para apresentar a pauta. Entre as reivindicações estão a garantia de emprego aos 125 operários que trabalhavam na construção do prédio que desabou, a denúncia da situação dos canteiros de obras, o trabalho precário, a falta de segurança, o excesso de horas extras e outros pontos.

Os trabalhadores também querem que os salários dos operários que participaram dos protestos hoje não sejam descontados. Na manhã desse dia 1º de fevereiro, o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil vai se reunir para definir novas atividades da categoria.

Um dos membros da Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Atnágoras Lopes, também trabalhador da construção civil de Belém, foi à cidade dar apoio aos seus companheiros. O Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Belém, filiado à CSP-Conlutas, está tomando várias medidas exigindo a segurança de trabalho no setor, responsabilizando os empresários que, preocupados com seus lucros, permitem que tragédias como essa aconteçam.

De acordo com Atnágoras, tragédias como esta são reflexo do descaso das construtoras com a segurança nas obras. O ritmo de trabalho é frenético, as horas extras, especialmente às do sábado, que não são pagas. “Não podemos deixar essa tragédia impune. Os empresários têm de ser responsabilizados e agora é a hora de partimos para cima e conquistarmos melhores condições de trabalho, mais segurança e melhores salários para o setor“, diz o dirigente.

Uma paralisação na empresa foi realizada pelo sindicato ainda em dezembro do ano passado por conta de assédio moral e atraso no pagamento de horas extras. “O lucro é o que motiva estas grandes construtoras, sem importar a segurança dos trabalhadores e da população. Esta tragédia é prova do alerta que o sindicato já vem fazendo há algum tempo sobre a situação das obras da cidade“, denuncia o presidente do Sindicato dos Trabalhadores, Ailson Cunha.

Desabamento
Na tarde de 29 de janeiro desabou em Belém um prédio em construção da empresa Real Engenharia. A obra tinha 35 andares e nela trabalhavam 115 operários. No momento do acidente, 6 operários estavam na obra. A tragédia ocorreu por volta de 13 horas. Os operários faziam hora extra e a obra já estava em fase de acabamento, com previsão para ser entregue no fim do ano.

O trabalhador José, que estava no local um pouco antes da tragédia relata: “Acabei de almoçar e fui embora pra casa, mas os outros companheiros ainda quiseram ficar na obra. A maioria que fica no sábado é por conta da hora extra. Mas não imaginávamos o que podia acontecer”.

O desabamento ainda atingiu duas residências e vários carros que passavam no momento. Os moradores dos prédios vizinhos relatam que sentiram tremores no momento do desabamento e uma nuvem branca cercou o quarteirão logo em seguida. O prédio ao lado teve fissuras. A área ao redor está isolada, pois ainda há riscos de desabamento.

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