No dia 28 de agosto, mais de 1.500 operários da construção civil de Belém, reunidos em assembléia geral, aprovaram a proposta de reajuste salarial da categoriaA construção civil está entre as categorias que têm os menores salários de Belém (PA). Em alguns momentos, o salário do servente de pedreiro, nível mais baixo, fica abaixo do salário mínimo. O sindicato, filiado à Conlutas, já havia apresentado algumas propostas para a patronal que se negava a aceitá-las. Por conta disso, foram realizadas algumas assembléias-gerais.

A penúltima, com mais de 2 mil operários, realizou-se em frente ao sindicato patronal e transformou-se em ato da campanha salarial. A entidade patronal já estava fechada. O ato forçou o presidente da mesma a se dirigir ao local para receber uma comissão de trabalhadores.

O crescimento da mobilização dos trabalhadores, a partir das grandes assembléias e das agitações nos canteiros de obras, fez com que o tribunal regional do trabalho e o ministério público a intermediassem a negociação.

Inicialmente, a patronal apresentou a proposta de um reajuste de 8% linear para a categoria, os trabalhadores não aceitaram. Posteriormente, a proposta foi acrescida de mais 2%. Também foi negada pela categoria.

Depois de afirmar sucessivamente que não tinha condições de dar mais nada a patronal, diante do indicativo de greve, foi forçada a apresentar uma outra proposta. O servente de pedreiro, nível em que se encontra o maior número de trabalhadores, receberá um reajuste de 15,5%. O meio-oficial receberá 14,65% e o pedreiro 11,5%.

Isso representa o maior reajuste da categoria em todo o país. Ele será pago em duas parcelas, uma agora e outra em dezembro. Além disso, como novidade, os trabalhadores receberão R$220 reais como participação nos lucros, o que representa mais 4,4% para além do reajuste. O sindicato operário ainda está pressionando a patronal para que o reajuste seja integralmente repassado agora e não parcelado.

A última assembléia contou com representantes de diversos sindicatos de Belém, do sindicato dos trabalhadores da construção civil de Fortaleza (CE), de rodoviários de Macapá (AP) e do Andes, além de Marinor Brito, candidata à prefeita da cidade pela Frente de Esquerda (PSTU – PSOL – PCB).

Cleber Rebelo, atual presidente do sindicato, afirmou que, apesar da disposição da categoria de ir à greve, o fechamento do acordo salarial com aqueles índices representava uma grande vitória política e econômica dos operários, só conseguida por conta da mobilização nos canteiros de obra e nas ruas. Por isso, é uma derrota da patronal que deveria ser comemorada por todos os trabalhadores.

Para Atnágoras Lopes, presidente do sindicato licenciado para compor a Conlutas Nacional, falando em nome desta entidade, assegurou que a vitória dos operários de Belém será uma referência nacional, pois fortalecerá a luta de diversas categorias de trabalhadores que estão em mobilização e campanha salarial por todo o país.

Campanha eleitoral construída nas lutas
Durante a assembléia geral, foram feitos diversos cadastros de apoiadores à campanha eleitoral do PSTU. Após a assembléia, foi realizada uma rápida plenária com militantes do partido e com outros operários da categoria.

Abel Ribeiro (PSTU), candidato a vice-prefeito pela Frente de Esquerda, afirmou que aquela era uma primeira vitória que pode impulsionar outras lutas e uma grande votação eleitoral junto aos trabalhadores. Para Ailson Cunha, operário da construção civil e candidato a vereador também pelo PSTU, “nós vamos à segunda vitória contra a patronal, fazendo com que os trabalhadores da construção civil votem na Frente de Esquerda e na única candidatura operária da categoria para a câmara de vereadores”.