No dia 26 de março, trabalhadoras e trabalhadores da confecção feminina de Fortaleza reuniram-se no Clube dos Correios para lançar a campanha salarial deste ano. Numa festa com forró, sorteio de brindes e animação, foram comemorados o Dia da Costureira e o Dia Internacional das Mulheres. Mas as trabalhadoras abriram a festa com a assembleia para definir a pauta da campanha salarial deste ano.

Exploração e dupla jornada
Na confecção feminina, quase 90% dos trabalhadores são mulheres. Elas têm dupla jornada, muitas são jovens e estão em seu primeiro emprego. A jornada de trabalho de 44 horas semanais, os salários baixos, as metas de produção, as péssimas condições de trabalho, o assédio moral e sexual e a dupla jornada (trabalho na fábrica e em casa) são a receita dos patrões para buscarem mais lucros. Uma verdadeira ditadura do lucro.

Houve um crescimento econômico do setor que permitiu contratar mais trabalhadoras, dispensar menos no início do ano e garantir a produção. Só não cresceu o salário e não houve melhoria das condições de trabalho. Ao contrário, cresceram as queixas das trabalhadoras em todos os sentidos: doenças de trabalho, assédio moral, ameaça de cortes na produção e de demissões etc. Até as questões mais básicas, como refeições de qualidade, banheiros limpos e creche para os filhos das trabalhadoras, só serão garantidas com a mobilização da categoria.

Contra a ditadura dos patrões
O que as costureiras conseguiram até agora é pouco diante dos lucros e benefícios que a patronal dispõe. Nas fábricas, grandes e pequenas, os patrões andam em carros importados que são trocados todos os anos. Enquanto isso, as trabalhadoras vão para o trabalho a pé, de bicicleta ou ônibus e não têm dinheiro para reformar a casa, matricular o filho numa escola de qualidade etc.

É preciso organizar as trabalhadoras para derrotar a ditadura dos patrões dentro das fábricas e mobilizar a categoria para arrancar mais conquistas e valorizar os salários. As costureiras vão lutar por um reajuste salarial de 20%. Atualmente, uma costureira ganha R$ 547, e uma auxiliar R$ 545. Com o reajuste, passaria para um salário de R$ 700 para a costureira e R$ 650 para uma auxiliar. Ainda é pouco, mas avançaria a valorização do salário das costureiras.

Além disso, a categoria vai lutar para colocar na convenção coletiva de trabalho a garantia do auxílio-creche para todas as trabalhadoras, dependendo do porte da empresa. Atualmente os acordos são feitos por empresa e nem sempre é cumprido.

A cesta básica é outra das reivindicações. Hoje, nem todas as empresas disponibilizam. As que fornecem condicionam o benefício às metas de produção e às faltas, só recebendo aqueles trabalhadores que não têm faltas e que batem todas as metas ou os que não fazem as refeições no local de trabalho.

Por último, a categoria luta pela redução da jornada de trabalho. A jornada atual é desumana para qualquer trabalhador, e mais desumana ainda para quem tem uma dupla jornada. Portanto, é uma necessidade para a saúde das mulheres que a jornada de trabalho seja reduzida.

É possível, neste ano, construir uma grande campanha salarial com mobilização da categoria, diferente dos anos anteriores. Nesse sentido, nosso sindicato, junto com as entidades da CSP-Conlutas, intensificará sua presença nas fábricas para ganhar as trabalhadoras para derrotar a ditadura dos patrões e das fábricas e garantir grandes vitórias para as mulheres.