Este lema já foi a principal palavra de ordem do PT nas eleições de 1982. Naquele momento, as dezenas de milhares de ativistas das greves abraçavam entusiasmados a bandeira do partido. Eles eram educados na defesa da independência política da classe trabalhadora, com a convicção que os trabalhadores precisavam romper com a burguesia e seus partidos, para se reconhecer enquanto classe. Setores amplos das massas de trabalhadores aprenderam que os trabalhadores estão de um lado e os patrões de outro.

Atualmente, o PT está no governo federal aplicando um plano neoliberal e envolvido em inúmeros escândalos, negociatas e corrupção, como na privatização da Telebrás. Muitos fatores explicam a mudança do PT, incluindo a sua adaptação à democracia burguesa, seus cargos, suas verbas. Mas o abandono da defesa da independência de classe, seguramente, é um dos fatores mais importantes.
As alianças que o PT construiu com diversos setores da burguesia se transformaram em rotina. Na verdade hoje causa estranheza em muitos ativistas o PSTU criticar as alianças. O pensamento dominante é: “Assim não se pode ganhar as eleições”. Por isso, é importante retomar a pergunta: “Para que serve ganhar as eleições, se não é para mudar o país?”. O PT ganhou as eleições, mas quem mudou foi o PT, não o país.

A política econômica continua a mesma. A burguesia, “fundamental para ganhar as eleições”, é a mesma que impõe a continuidade do neoliberalismo. A adaptação do PT é tão grande, que muitos de seus dirigentes estão mudando de classe. Deixam de ser burocratas sindicais e parlamentares para serem burgueses, como Gushiken, envolvido nos escândalos da privatização da Telebrás.

A consciência das massas sofreu um retrocesso quando o PT, no qual confiavam, girou a direita. Deixou-se de lado a consciência classista, para acreditar-se na “esperteza” das alianças eleitorais. Agora, penosamente, os trabalhadores podem retomar a consciência de classe, a partir do desastre do governo Lula, um governo dos patrões e não dos trabalhadores.

A ruptura com o governo petista, que já está ocorrendo, abre esta possibilidade de que milhares de trabalhadores entendam que os trabalhadores devem estar de um lado e os patrões de outro.

É uma pena que neste momento setores da esquerda que se reivindicam contrários ao governo Lula, como o P-SOL (e até o PCO), sigam a mesma postura de apoiar candidaturas burguesas e/ou do governo atual nesta eleição de 2004, causando estranheza nos ativistas.

O PSTU, com muito orgulho, traz nestas eleições, a tradição classista do “trabalhador vota em trabalhador”. Somos oposição a este governo e a todos os partidos da burguesia. A bandeira da independência de classe continua viva.

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