A atenção do país está voltada para a Copa do Mundo. O calendário das pessoas já não é dividido entre os dias normais de trabalho e o fim de semana. Existem os dias dos jogos e os outros. Como o futebol é muitas vezes imprevisível, isso também pode já ter mudado quando esse editorial for lido. Escrevemos na véspera de um dia de jogo, que pode mudar tudo isso, caso o Brasil seja eliminado.

A pouca vida política que sobra é concentrada ao redor das convenções dos partidos que definem as candidaturas. Neste final de junho, estão sendo realizadas as convenções que definem formalmente as candidaturas para as eleições de 2006.
Aparentemente é só isso o que acontece no país, copa e a preparação das eleições. Depois da copa, segundo a idéia dos partidos dominantes no país, a agenda política vai girar ao redor das duas alternativas do campo da burguesia: de um lado o PT/PCdoB com Lula, e de outro PSDB/PFL com Alckmin.

No entanto, a vida política do país é bem mais que isso. Está se dando, ao final do governo Lula, uma reorganização sindical e política dos trabalhadores e estudantes de grande importância. Apesar da maioria seguir votando em Lula, um setor muito importante dos trabalhadores não só está rompendo com o governo, como se dispondo a construir uma alternativa de esquerda. E isso está ocorrendo também nesses dias em que o futebol é o tema quase único de conversa entre as pessoas.

Dois fatos podem demonstrar essa nova realidade. Um deles é o resultado de uma eleição sindical, que tem uma importância nacional. O Sepe é o sindicato dos profissionais da educação do Rio de Janeiro, um dos mais importantes do estado e uma das bases fundamentais da CUT. Através de um plebiscito no qual participaram mais de vinte mil professores, o sindicato se desfiliou da CUT. Duas chapas identificadas com essa proposta conseguiram juntas 63% dos votos. A chapa que defende a construção da Conlutas foi a que mais votos obteve (33%) na eleição para a direção do sindicato.

Este resultado é parte de um processo nacional, de grande importância. Aqui está em curso a ruptura com a CUT e a construção de uma alternativa sindical e política para os trabalhadores. A Conlutas, fundada em Sumaré (SP) em maio, teve uma vitória muito importante no Rio.

Outro fato ocorreu em União dos Palmares, no interior de Alagoas, terra do histórico Quilombo dos Palmares, onde foi lançada oficialmente a Frente de Esquerda para as eleições de outubro, entre PSOL, PSTU e PCB. Heloísa Helena é a candidata de uma frente que se propõe a ser uma alternativa ao PT e PSDB. Para escapar ao figurino previsto, depois da Copa não existirão apenas as mesmices de dois candidatos defendendo o programa neoliberal e a continuidade da corrupção. Uma alternativa eleitoral está se construindo com uma Frente de Esquerda no país.
Depois de torcer no futebol, vamos torcer também para construir uma nova direção para as lutas neste país com a Conlutas, e pela Frente de Esquerda nas eleições de outubro.
Post author Editorial do Opinião Socialista 263
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