Nos próximos dias, o país será tomado pelo futebol. Vai começar a Copa das Confederações, uma prévia da Copa do Mundo de 2014. A expectativa vai tomar as ruas do país. É plenamente compreensível que a maioria do povo trabalhador torça pelo Brasil e até se orgulhe do fato do país sediar uma Copa do Mundo.  Apesar das desconfianças com o futebol apresentado pela seleção, a população vai torcer por belas jogadas e vitórias.
No entanto, mais uma vez, os fatos mostram que o governo pretende usar a nossa paixão pelo futebol contra os trabalhadores. Algo que foi realizado pelo governo militar em 1970, na conquista do tricampeonato. Mas esse tipo de manipulação não é exclusivamente das ditaduras. Os governos ditos democráticos também o fazem.

A mais cara da história
O custo da Copa do Mundo no Brasil será maior do que a soma do total investido nas últimas três edições do evento, no Japão/Coréia, Alemanha e África do Sul. Até agora, segundo o governo federal, o custo para a organização da Copa de 2014 já atingiu R$ 26,5 bilhões. Mas, já se especula que o total pode chegar à cifra de R$ 40 bilhões.  
Em 2007, quando o Brasil ganhou o direito de sediar a Copa, o então presidente da CBF, o cartola corrupto Ricardo Teixeira, dizia que o país gastaria cerca de R$ 1,8 bilhão para reformar e construir os estádios que abrigarão a competição. Hoje, os gastos com os doze estádios superam R$ 10 bilhões.
O que mais incômoda a população é que 98,5% do orçamento do evento serão financiados com dinheiro público, segundo estudo do Tribunal de Contas da União (TCU). Não por acaso que se tornou muito comum ouvir na rua a frase: “tem dinheiro pra Copa, mas não tem pra educação e saúde”.
No fim das contas, o governo brasileiro acaba bancando as obras para que a FIFA, as grandes empresas patrocinadoras e as emissoras de TV saiam lucrando. Além disso, o país acaba cedendo sua soberania quando aprovou a chamada Lei da Copa, um conjunto de leis de exceção que passa por cima das leis nacionais para proporcionar o máximo de lucro para a FIFA e seus patrocinadores. Jerome Valcke, secretário da FIFA, chegou a dizer que precisaria “explusar” dos governantes para que agilizassem os trâmites relacionados à organização da Copa do Mundo.
Por outro lado, o governo promete uma expansão da economia do país. Mas a história não é bem assim. Na África do Sul, por exemplo, passada a Copa, o país continuou tão desigual quanto antes. O governo do país chega a cogitar demolir alguns estádios milionários por falta de uso.

Remoções
Uma das consequências mais revoltantes das obras da Copa são as remoções de moradores em função das obras de infraestrutura.  Está prevista a remoção de 250 mil pessoas das suas casas, entre removidos e ameaçados de remoção, segundo o Comitê Popular da Copa – 2014.
A Anistia Internacional reconheceu que a situação enfrentada pelos brasileiros removidos ou ameaçados de remoção pelo projeto de obras da Copa do Mundo é uma violação do direito humano à moradia.  As remoções foram até debatidas na 22ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, na Suíça.
Por trás de toda a monumentalidade das obras, travestida como uma “celebração do esporte”, se escondem grandes interesses econômicos e uma contrarreforma urbana a favor da especulação imobiliária.

Torcer e lutar por um Brasil justo e soberano
Em meio aos preparativos da Copa, o governo e as elites tentarão passar a idéia de que está tudo bem e esconder as mazelas sociais. É preciso destoar do discurso oficial. As páginas a seguir mostram como o Brasil continua um dos países mais desiguais do mundo, os serviços públicos permanecem à míngua e os nossos recursos seguem sendo entregues ao Capital estrangeiro, como é o caso da privatização do leilão do petróleo.
Vamos torcer pela seleção, mas também continuar lutando por um Brasil justo e soberano.
 

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