A maioria dos trabalhadores deste país, que ainda acredita em Lula, deveria refletir sobre dois fatos, grandes e escandalosos, desta semanaO amigo de Bush
O primeiro deles é a recepção de Lula a Bush, a quem considera “seu amigo”. Bush é o governante mais repudiado de todo o planeta e teve de montar o maior esquema de segurança da história do país para evitar que as mobilizações se aproximassem dele.

O governo dos EUA entende que Lula pode jogar um papel fundamental para sua política no Brasil e na América Latina. Como Lula é um ex-dirigente sindical, ainda com credibilidade para a maioria dos trabalhadores e dos povos latino-americanos, pode enganar sua base com melhor eficiência.

O governo do PT aplica todo o plano econômico neoliberal defendido por Bush. Além disso, envia tropas brasileiras para o Haiti e atua em todas as grandes crises do continente, em estreito contato com o presidente norte-americano. Em troca, Bush apóia Lula, como ficou claro na crise do mensalão, quando o governo dos EUA apoiou explicitamente o governo do PT.

Um trabalhador que repudia Bush tem, também, de romper com Lula, o principal defensor das políticas do governo dos EUA no Brasil.

Lula quer proibir greves
O segundo fato escandaloso foi a declaração do ministro do Planejamento Paulo Bernardo, e, depois, do próprio Lula, defendendo a proibição de greves: “somente um governo de ex-sindicalistas”, como é o seu caso, “tem condições de enviar ao Congresso uma proposta de legislação que pode proibir o direito a greve de alguns setores do funcionalismo”.

A declaração confirma que Lula, por ter uma origem operária, pode enganar com mais facilidade os trabalhadores do que um governo de direita. Nenhum governo até agora, desde que foi derrubada a ditadura, conseguiu impor a proibição das greves nos setores essenciais. Lula vai tentar fazê-lo.

Os setores “essenciais”, assim como os outros, deveriam ter seus salários reajustados de forma digna. É o congelamento e rebaixamento dos salários que leva os trabalhadores à greve. Agora o governo do PT quer reprimir aquilo que não está conseguindo evitar: as greves.

Na verdade, esta declaração de Lula é uma clara mensagem para a burguesia de que o PT vai tentar impor as reformas neoliberais. Entre elas está a reforma da Previdência, para a qual o governo petista já instalou um Fórum, cujo objetivo é apresentar uma proposta. Também está preparando a reforma sindical e trabalhista que, entre outras coisas, vai impor a proibição das greves em setores essenciais.

A reação aos planos de Lula e Bush, contudo, já está começando. As mulheres, em seu dia internacional de luta, incorporaram o repúdio a Bush em meio às suas bandeiras feministas. O “Fora Bush” é entoado junto com a exigência da retirada das tropas brasileiras do Haiti.

A importância do dia 25
O próximo grande passo é o Encontro Nacional contra as Reformas Neoliberais, que está sendo articulado pela Conlutas e por diversas outras entidades para o dia 25 de março, em São Paulo. Trata-se de uma frente que inclui o MST, a Pastoral Operária de São Paulo, a Intersindical, diversas federações e outras entidades.

É a mais ampla frente de lutas contra as reformas neoliberais construída desde o início do governo Lula. O encontro vai discutir um plano de lutas unificado contra essas reformas, que vai incluir uma grande mobilização no segundo semestre deste ano.

Chamamos todas as entidades do movimento sindical, estudantil e popular a discutir com sua base a participação neste encontro nacional. Se tivermos um grande encontro, poderemos preparar uma mobilização de massas contra o governo e suas reformas.

Post author Editorial do Opinião Socialista nº 290
Publication Date