Silvinho, militante do PSTU, fala pela CSP Conlutas em atividade com os policiais grevistas

Greve dos policiais militares e bombeiros do Estado do Pará já envolve 20 batalhões em 15 municípios

A cada dia que passa, a greve dos policiais militares e bombeiros do Estado do Pará ganha novos episódios. A mobilização tem como pauta principal o reajuste salarial dos praças (soldados, cabos, sargentos e subtenentes) da corporação. Desde o final de fevereiro, corre na Assembleia Legislativa do Estado um PL de reajuste escalonado de até 110% para os oficiais da polícia. Uma emenda que estenderia o reajuste aos profissionais da base da hierarquia foi rejeitada.

No dia seguinte, começaram as paralisações e aquartelamentos no 6° Batalhão da Polícia Militar (BPM) em Ananindeua. A Tropa de Choque foi enviada para deter os seus companheiros de farda, porém se recusou a fazê-lo. No final de semana, a luta se alastrou pelo Estado parando 20 batalhões em 15 municípios.

Jatene a culpa é tua!
Diferentemente dos oficiais, que recebem salários muito maiores e gozam de diversas regalias, os praças possuem uma remuneração baixa, moram nas periferias, dependem dos transportes coletivos superlotados para chegar aos seus quartéis e sofrem com a inflação dos alimentos.

Essa desigualdade é fruto da política do governo Simão Jatene (PSDB) que, para tentar controlar a corporação, favorece os altos escalões da PM e dos bombeiros. Reforçar a hierarquia dessa forma faz todo o sentido dentro de uma política de segurança pública que persegue os pobres, mas fica muito longe de combater as raízes da violência, como a pobreza absurda da maior parte da população do estado. E agora, ainda ameaça demitir mais de 20 policiais grevistas.

A luta tem apoio expressivo na população. Em pesquisa na internet feita por um jornal local, 80% dos internautas aprovaram a mobilização.

Desmilitarizar a polícia deve ser parte da luta
Nesta segunda-feira, o Ministério Público do Estado solicitou a prisão de 19 policiais, todos do 6° BPM, alegando a prática de motim. Isso só ocorre porque hoje a polícia brasileira é miliitarizada, um resquício da ditadura miltar no país, o que faz com que a baixa patente não tenha direitos básicos como formar sindicatos e fazer greve.

É necessário acabar com a diferença existente entre o trabalho investigativo e o policiamento das ruas, tendo uma única força civil, ou seja, não subordinada às Forças Armadas. Assim os policiais teriam o mesmo direito de qualquer servidor público: o de se manifestar livremente.

Isso se combina com reivindicar o fim das tropas especiais, como a de choque, cuja única função é reprimir as manifestações populares e os trabalhadores que se organizam para fazer greve, inclusive a dos próprios policiais.

É preciso ainda acabar com os tribunais militares, os quais são corporativistas que ou protegem os policias que cometem crimes ou só punem os soldados e outros profissionais de base.

Finalmente, deve-se ter uma força de segurança que não esteja separada da maior parte da população. Para isso, seria preciso que fosse controlada pelos trabalhadores e o povo pobre, por meio de mecanismos como a eleição dos delegados de cada cidade ou zona.

Todo apoio à greve dos praças!
Desmilitarização da polícia já!
Fim da Tropa de Choque!
Por uma Força de Segurança Controlada Pelos Trabalhadores e o Povo Pobre!

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