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Redação

Uma estatal sob o controle dos trabalhadores, e não nas mãos de grandes acionistas estrangeiros, poderia produzir gás e combustível a pelo menos metade dos preços que os atuais

Petroleiros de todo o país estão indo à greve contra o projeto do governo Bolsonaro de desmonte e entrega da Petrobrás ao capital estrangeiro. Bolsonaro, seu ministro Paulo Guedes, e o Congresso Nacional, tem obsessão em entregar a estatal nas mãos das grandes multinacionais, e vem implementando um plano para isso, um verdadeiro crime contra a soberania do país. O resultado vai ser gás de cozinha e o combustível ainda mais caros para a população, afetando, sobretudo, os trabalhadores e o povo mais pobre.

Nesse momento, é fundamental cercar de solidariedade e fortalecer a greve nacional dos petroleiros no sentido de colocar a produção nas mãos dos trabalhadores, obrigando o governo a recuar nesses ataques. É necessário fortalecer o movimento, parar todas as unidades, e chamar a solidariedade ativa das demais categorias.

Em sua estratégia entreguista, Bolsonaro dá um salto na política dos governos anteriores, de “desinvestimentos” da estatal. Isso significa, na prática, não só a redução nos investimentos, mas o fatiamento da empresa e sua privatização, como ocorreu com a BR Distribuidora no ano passado. Oito refinarias estão na fila para serem vendidas. Agora, o governo anunciou o fechamento da fábrica de fertilizantes de Araucária (Fafen), no Paraná, junto com a demissão de mil trabalhadores. Isso porque, para facilitar a privatização da empresa, o governo ataca os direitos dos petroleiros, reduzindo custos para aumentar os lucros dos grandes investidores internacionais.

Como parte desse plano, o governo vem descumprindo um acordo coletivo firmado com os petroleiros no ano passado, e avança sobre os direitos, salários e condições de trabalho dos funcionários da estatal.

Crime de lesa-pátria

Hoje, grande parte da Petrobrás já está nas mãos do capital estrangeiro. Mais da metade de suas ações está na Bolsa de Nova Iorque e com grandes bancos como o BNP Paribas, Credit Suisse, HSBC, Citibank, JP Morgan, entre outros, e grandes fundos de investimentos. São eles que lucram com a atual política de preços da empresa, que determina o preço do petróleo de acordo com a cotação no mercado internacional, em dólar.

Resultado disso: diesel mais caro para os caminhoneiros; aumento no custo do transporte e consequentemente no preço dos produtos, incluindo os mais básicos; gasolina mais cara; assim como o gás de cozinha, o que, inclusive, vem forçando inúmeras famílias a terem que voltar a usar lenha para cozinhar.

Enquanto não vende por completo a Petrobrás, o governo Bolsonaro se desfaz das refinarias para se concentrar na produção de óleo cru. O Brasil, assim, exporta petróleo cru para importar petróleo refinado, mais caro. O país que tem potencial para ser o terceiro maior produtor de petróleo do mundo, principalmente após a descoberta do Pré-Sal, com a política entreguista de Bolsonaro vai aumentando sua dependência dos países ricos.

Após anos de bilhões em investimentos públicos, ou seja, do nosso dinheiro, que tornaram a Petrobrás líder mundial em exploração de petróleo em águas profundas, estamos retrocedendo à condição de mera colônia, aponto de voltarmos a ter que cozinhar com lenha, enquanto são descobertos novos campos de petróleo a cada dia.

Petrobrás 100% estatal para garantir combustível e gás barato

Nós estamos pagando para encher os bolsos de meia dúzia de megainvestidores estrangeiros. É por isso que o diesel, a gasolina e o gás estão tão caros. Você sabia que o botijão do gás de cozinha custa para a Petrobrás R$ 24,00? Mas é vendido à população por R$ 70,00 ou mais, dependendo da região. Já o diesel tem um custo de produção de menos de R$ 1,00 o litro, mas é vendido pelo dobro desse preço. A gasolina, por sua vez, sai das refinarias a R$ 1,12, mas chega na bomba custando quase R$ 5,00.

Elaboração: ILAESE

Para onde vai todo esse dinheiro a mais? Para a Petrobrás que não é, já que o governo vem desmantelando a estatal, vendendo de forma fatiada e reduzindo custo com funcionários. Vai para o bolso de meia dúzia de megainvestidores, banqueiros e empresários. Se tirasse o lucro exorbitante que vai para essa gente, daria para reduzir no mínimo à metade o preço do combustível e do gás de cozinha, e ainda daria para lucro para investir na empresa.

Bolsonaro fala agora em cortar ICMS para baixar o preço dos combustíveis, mas isso não passa de uma cortina de fumaça para desviar a atenção do desmonte da estatal e a sua entrega às multinacionais estrangeiras, em especial as dos EUA. É isso que torna tudo tão caro à população.

A luta contra a privatização da Petrobrás, por uma empresa 100% estatal, sob o controle dos trabalhadores, é uma luta de toda a classe trabalhadora e do povo pobre do país. Só assim teremos uma empresa que funcione não para os lucros desses agiotas, nem uma empresa para que os políticos roubem através da corrupção, mas que esteja voltada para os reais interesses da grande maioria do povo brasileiro.