População resgata feridos do terremoto que devastou Porto Príncipe

População haitiana está completamente desamparada. Muitos ainda estão presos sob os escombros.O terremoto que atingiu o Haiti na tarde desse dia 12 deixou um cenário de devastação no país mais pobre do continente. O forte tremor atingiu em cheio a capital Porto Príncipe, destruindo casas e prédios, deixando um número incontável de mortos e feridos.

Hospitais, universidades e supermercados foram ao chão. Nem mesmo o Palácio Nacional, residência oficial do presidente, escapou. Segundo a Cruz Vermelha, o número de atingidos podem chegar a 3 milhões. Relatos e imagens do país nesse dia 12 mostravam corpos estirados no chão, além de feridos desamparados vagando pelas ruas da cidade. Além da destruição, a população sofre com a falta de luz e água.

A imprensa no Brasil destaca a morte de 11 militares brasileiros, dos mais de 1.200, que fazem parte das tropas de ocupação da ONU no país, além de Zilda Arns, da Pastoral da Criança e CNBB. Os mortos haitianos, porém, podem chegar às centenas de milhares (o premiê do país diz cem mil). Relatos de brasileiros no país caribenho afirmam que os haitianos atingidos, sem nenhum tipo de ajuda do governo ou das tropas, saem às ruas implorando por deus. Num país em que a única força do Estado é a repressão, o povo conta com suas próprias forças para resgatar os soterrados.

Atingidos estão desamparados
O terremoto no Haiti joga por terra a ideia, difundida pela ONU e pelo governo brasileiro, de que o país sob a ocupação militar caminhava para a estabilidade. O que se vê é um país miserável, sem qualquer estrutura básica de saúde pública ou saneamento. Situação que a ocupação das tropas militares ajuda a perpetuar e que torna a tragédia ainda mais dramática para o povo haitiano.

As tropas da ONU, por sua vez, acostumadas a reprimirem manifestações públicas, não mostram a mesma agilidade no socorro às vítimas. Um grupo de estudantes da Unicamp que estavam no Haiti fazendo pesquisa de campo, relata em seu blog a situação de caos e a completa ausência das tropas no resgate das vítimas:

“A situação está se complicando: saindo às ruas em busca de água, o pessoal viu muitas pessoas feridas na rua, mortas, casas desabadas e pessoas retirando os escombros, além de briga por comida, saques, um tiroteio, e o pior, aparentemente, tudo isso sem a presença de nenhum tanque, carro ou oficial da ONU nesses primeiros momentos de pavor a população. Apenas soubemos que as tropas estavam removendo os escombros do Hotel Montana, um dos hotéis da alta classe, onde deveria estar personalidades da ONU.” relata os estudantes.

Uma jornalista que acompanha o grupo destaca a condição precária da população: “não tem água, não tem comida, não tem nada e o país está ocupado, com milhares de soldados, e não se vê ninguém na rua”, afirma.

  • Direto do Haiti: Vimos dezenas de pessoas mortas, feridas e queimadas”