Paralisação é suspensa, mas estudantes e docentes mantêm estado de greveApós quase dois meses de atividades paralisadas, os estudantes da Fundação Santo André (FSA), no ABC paulista, resolveram voltar às aulas. A decisão foi tomada na noite desta quinta-feira, 5, em assembléia que teve a participação de quase 300 pessoas.

A reitoria, porém, não deve festejar muito. Deste processo, o reitor Odair Bermelho sai completamente desmoralizado, e a administração da FSA, fragilizada.

Apesar do retorno às aulas, a mobilização está longe de acabar. Bermelho, acusado de corrupção e de implementar o Plano de Desenvolvimento Institucional no centro universitário – um projeto devastador no que diz respeito à privatização e à precarização do ensino -, não foi deposto, como queriam alunos e professores. Isso não significa, contudo, que a comunidade acadêmica o engoliu.

Os estudantes decidiram suspender a greve e manterem-se em estado de greve e mobilização. No próximo dia 21, haverá uma nova assembléia para reavaliar a situação e, se for o caso, retomar a paralisação. Os professores já haviam encerrado a sua greve na terça-feira, 6. “A volta às aulas, em certa medida, vai ser importante para possibilitar o diálogo com os colegas que estavam em casa”, disse Reinaldo Chagas, aluno de História e membro do Diretório Acadêmico Honestino Guimarães.

A força da mobilização estudantil permitiu já algumas conquistas. A principal delas é a não-punição e a retirada imediata dos processos que foram abertos contra alunos e professores. Além disso, as mensalidades tiveram redução; os cursos que estavam ameaçados de fechamento serão mantidos, como Geografia e Física, por exemplo; as aulas da Fafil foram unificadas no mesmo prédio (a reitoria havia fragmentado os estudantes em vários prédios para dividi-los).

Para outras reivindicações, foi formada uma comissão de negociação. Os pontos em discussão são contratação imediata de professores, reavaliação das formas de cálculo das mensalidades, abertura dos livros contábeis da instituição, revisão dos cargos de confiança excessivos criados pelo reitor e investimento para ampliação e melhorias dos laboratórios de informática e de Ciências Naturais.

“Foram quase dois meses de luta intensa e acho que todos que estiveram e ainda estão neste processo estão de parabéns”, falou Reinaldo. “Sinto-me orgulhoso de lutar ao lado de tantos colegas corajosos. Agora, temos de ir para as salas de aulas, conversar com cada colega, chamar para a mobilização. A nossa luta é todo dia. Educação não é mercadoria!”, concluiu.