Terceirizada Georadar também investe com truculência contra trabalhadores em greveOs trabalhadores petroleiros terceirizados da ES-26 (Equipe Sísmica-26), em Aracaju, são submetidos a um regime semi-escravista pela empresa Georadar. O Sindipetro de Alagoas e Sergipe tenta fazer um acordo de trabalho e pediu a intervenção do Ministério Público do Trabalho de Aracaju. Mas a mediação que poderia ser realizada pelo Ministério Público foi abortada, pois a Georadar pretende dar continuidade à degradação das condições de vida dos petroleiros terceirizados da Petrobrás para obter, a cada novo contrato, maiores lucros.

A Georadar é de propriedade de geofísicos aposentados da Petrobrás, que têm dado demonstrações práticas que mandam até nas altas hierarquias gerenciais da empresa. Estes aposentados pedem inclusive as cabeças dos trabalhadores do efetivo da própria Petrobrás quando eles supostamente discordam das ilegítimas, ilegais e imorais intenções da Georadar. Pediram a cabeça de Antonio Laranjeiras – trabalhador petroleiro do efetivo próprio – e deram a ele uma severa punição de 29 dias de suspensão.

A punição imposta ao companheiro Antonio Laranjeiras tem como objetivo tentar desviar o foco principal da motivação da forte greve dos geofisgueiros da ES-26/Petrobrás. Na verdade, a Georadar estabelece um regime semi-escravista a esses trabalhadores. Injustiçado, o trabalhador de imediato procurou a direção do Sindipetro de Alagoas e Sergipe, o qual já está tomando as devidas e providências contra a truculência da alta gerência administrativa da Petrobras e da Georadar.

Além disso, a Georadar ordena ao governador Marcelo Deda (PT – Sergipe) o envio de pelotão de choque para espancar os trabalhadores petroleiros terceirizados da ES-26(Equipe Sísmica-26)/Petrobras que reivindicam apenas o que determina a lei trabalhista colocada no país. O que comprova que a Georadar é uma “gata” fora da lei.

A Georadar tem prestado também um desserviço à comunidade da Cidade de Carmópolis pois, desde que iniciou a forte greve dos geofisgueiros, a Polícia Militar de Carmópolis não sai da senzala da Fazenda Santa Bárbara, localizada no município de Rosário do Catete.

Repressão
Infelizmente, no governo Lula, essa é a realidade de hoje aqui na ES-26/Petrobras: reivindicações de trabalhadores viram caso de polícia e de ação de grupos de pistoleiros e de assassinos profissionais.

Agora, os geofisgueiros saem para as frentes de trabalho escoltados pelos pistoleiros da Brava. Indagada sobre a presença dos pistoleiros, a gerência da Georadar justifica afirmando que sofreu “ameaça de morte”. Anuncia também que os equipamentos da Petrobrás podem ser “danificados por vândalos”.

Pelo que até agora tem praticado a gerência da Georadar, ela mesma é capaz de assassinar um dos seus gerentes e quebrar os equipamentos da Petrobrás e depois botar a culpa nos trabalhadores que cobram seus mínimos direitos trabalhistas, negados pela Georadar. Esse filme já foi visto na cidadezinha de Las Heras, na Argentina. A polícia, a serviço das “gatas”, primeiro prendeu Mário Navarro e, em seguida, assassinaram um dos policiais. Lá, na cidadezinha de Las Heras, as “gatas” não conseguiram culpar os trabalhadores, que libertaram Mário Navarro, pelo assassinato de um dos policiais. No fim, os trabalhadores petroleiros terceirizados da Repsol foram os vitoriosos e as “gatas” saíram derrotadas.

Durante todo o processo de mobilização, o comportamento pacífico dos geofisgueiros surpreendeu até os Sargentos da Polícia Militar e o Capitão que comandou a missão encomendada pelo governador Marcelo Deda (PT – Sergipe). Além do mais, foram os geofisgueiros que resgataram do canavial, que seria queimado, os equipamentos da Petrobras, salvando-os.

Aumento da repressão
Não só os blocos petrolíferos de alto mar foram e devem ser leiloados; mas os campos terrestres maduros e envelhecidos e as novas fronteiras como Solimões e São Francisco que foram quase totalmente arrematadas, também. Com a abertura do setor de petróleo e a promulgação da Lei 9.478 em 1997, houve um “boom” de atividades sísmicas marítimas e, ao mesmo tempo, um completo abandono da sísmica terrestre, caindo muito abaixo dos níveis históricos. O Brasil chegou a ficar somente com uma equipe em operação, a ES-26, da própria Petrobrás, que hoje está no campo de petróleo de Carmópolis.

Os novos levantamentos sísmicos têm a finalidade de aumentar o fator de recuperação do volume de óleo nesses campos maduros e envelhecidos. Esses novos levantamentos sísmicos também podem revelar novas áreas potenciais nas bacias sedimentares terrestres brasileiras, pois ocorreram avanços tecnológicos recentes na geofísica, sobretudo na sísmica, nas áreas de aquisição e processamento de dados. E os projetos sísmicos precisam decolar. Haverá elevado investimento (R$ 2,0 bilhões por ano – recurso da Participação Especial destinado, em lei, para exploração e pesquisa de petróleo – Sociedade Brasileira de Geofísica, número 4/2005) e as “gatas” visam alcançar a máxima lucratividade e; por isso, querem submeter os trabalhadores a um regime de semi-escravidão. Para até mesmo as “gatas” que executam projetos de levantamentos sísmicos terceirizados para a Petrobras, a lei do petróleo (9.478 de 1997) é considerada sábia.

Se já foi constatado regime semi-escravista na Petrobrás, imposto pela Georadar. Imagine agora o que vai acontecer nas empresas de pequeno e médio porte que, atraídas pelos valores muito baixos, arremataram quase totalmente as bacias de Solimões e São Francisco. “… não sabemos se elas terão fôlego para continuar”, afirma Giuseppe Bacoccoli, pesquisador e professor da Coppe/UFRJ.

Outra interrogação que paira no ar diz respeito aos chamados campos maduros. Foram vendidos por R$ 10 mil e concedidas áreas por algumas centenas de milhares de reais, quando se sabe que, para fazer sísmica 3D (Tri-dimensional), e furar poços adicionais são necessários alguns milhões de reais (SBGf – número 4/2005). “Quero saber se esses novos operadores que foram atraídos pelo baixo investimento terão estrutura financeira para encarar os desafios daqui para frente“, indaga Bacoccoli.

A forçada redução de custo maximizada elevará todo o fardo da superexploração da mais-valia ainda mais pesada sobre os ombros dos trabalhadores, degradando mais ainda suas condições de vida e de trabalho.

E não é à-toa que já é encontrado regime semi-escravista na Petrobras, embora seja imposto pela Georadar. Pois, com a abertura do setor de petróleo e a promulgação da Lei 9.478 em 1997, a Petrobrás passou da condição de empresa monopolista para mais uma operadora do mercado. Ou seja, a Petrobrás virou uma companhia competitiva. E, agora, pior ainda, que a Petrobrás passa a ser uma empresa de energia. Não é também à-toa que 74% da força de trabalho da Petrobras já é terceirizada.

Toda essa conjuntura, refletida pela crise energética imposta pela natureza, faz com que seja elevado cada vez mais o preço do barril de petróleo.

Logo, só há uma saída: a nacionalização das reservas petrolíferas (petróleo e gás natural) e Petrobras 100% brasileira.